sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

DIÁLOGO GOVERNO-SINDICATOS


"É imprescindível o diálogo Governo - sindicatos. Do diálogo poderão resultar zonas de compreensão recíproca e a resolução concertada de problemas que respeitem aos trabalhadores. Tal como pode acontecer, muito legitimamente também, que se mantenham pontos de vista diferentes. Tudo isto são fenómenos próprios de sociedades livres.
É bem verdade, no entanto, que a situação do nosso País exigiria uma certa trégua social, voluntária e responsavelmente assumida. Para tanto, será legitimo que o movimento sindical exija da política governamental o máximo que esta possa dispensar em favor dos mais desprotegidos, no âmbito das disponibilidades nacionais existentes que são limitadas. E em contrapartida será também legítimo que o Governo espere do movimento sindical a demonstração prática, e não meramente afirmativa, do princípio de solidariedade nacional. Este é que parece ser o caminho da redução das margens de conflitualidade social numa óptica de consenso democrático e patriótico.
Não confundo este quadro com o dos confrontos forjados ou das situações aproveitadas pela facção leninista do movimento sindical português, em prol de objectivos que nada têm a ver com a democracia pluralista e com as transformações sociais viabilizadoras  de um projecto de mais justiça para todos os portugueses. A resposta para essas situações, que não sejam as do legítimo confronto e divergência democrática, tem que ser firme. Firme, neste duplo sentido: usar a autoridade democrática ao mesmo tempo que se faz prova de que se aplica uma política de claro sentido social."  
Lisboa, Fevereiro de 1980