segunda-feira, 28 de maio de 2012

AS MOÇÕES DO CONGRESSO


“….. e Nascimento Rodrigues, foi encarregado de elaborar o projecto inicial do novo programa do partido, que virá a ser apresentado a Cavaco Silva antes do Congresso do PSD, marcado para os dias 6, 7 e 8 de Abril”
In “O Jornal” 26 de Janeiro de 1990

“ Neste ano …. é natural que o Congresso do  PSD desperte a curiosidade da opinião pública e atice esse insaciável apetite normal na comunicação social pelos acontecimentos que o rodeiam, pelas “personalidades” que os protagonizam e pelos posicionamentos que adoptam. É em menor escala, porém, que se sugere à opinião pública uma reflexão mais funda sobre a importância fulcral deste congresso – que é, em suma, o da arrancada social-democrata para a vitória nas legislativas de 91 – e uma apreciação mais virada, não para o espectáculo dos bastidores do poder, mas para as opções e para as estratégias susceptíveis de conduzir ou não o PSD à confirmação de partido liderante na nossa sociedade e de força catapultante de uma maioria reafirmada.
Valeria a pena, portanto, apreciar as sete moções ao congresso sob este ponto de vista, a partir de um outro ângulo de análise que é este: em que medida essas moções espelham, ou não, as características essenciais do “perfil histórico” do PSD como partido aberto, salutarmente inquieto e irrequieto, crítico de si próprio, desperto para o futuro e cabouqueiro de ideias novas, fiel aos valores da portugalidade e coerente com a matriz referencial da liberdade, da justiça e da solidariedade?
A função pedagógica da análise política na comunicação social é um instrumento decisivo para a formação sadia da opinião pública, baluarte da própria democracia. (……).
As moções revelam que somos nós próprios, os sociais-democratas, a colocar frontal e abertamente no nosso Congresso as preocupações e o sentir não apenas dos militantes mas, sobretudo, da maioria dos portugueses, que pressentem ser no PSD que se focaliza e está o futuro do País. (……)
É que as moções vão mais longe. E trazem à ribalta a discussão sobre a natureza da social-democracia nos dias de hoje e em Portugal, o que implica a consequente questão da base social de apoio e do perfil substantivo da proposta política global do partido. Eis-nos, pois, perante um debate que é sério e profundo, pertinente e fecundo, e que abraça a finalidade de um projecto político para o Portugal do novo século”.(…..)
Tenho como irrecusável que um Partido que coloca em Congresso o debate sobre o figurino da sua identidade à luz do mundo que desponta; um Partido que reflete, questiona, sugere e propõe respostas, obviamente não coincidentes – será esse Partido falho de ideias, despido de valores, decapitado no pensamento, avesso à cultura, fechado às palpitações da sociedade ou cego às evoluções do nosso mundo? É a isto que ouço alguns chamar o vazio do ideário social-democrata?

IN  “Diário de Notícias”, “ Artigo de opinião”, 7 de Abril de 1990

 No Congresso do PSD, (Pavilhão dos Desportos 6, 7 e 8 de Abril de 1990), o Henrique é eleito 1º vogal da Comissão Política Nacional

“ Surpreendente foi a ascensão de Henrique Nascimento Rodrigues a primeiro vogal da Comissão Política Nacional do PSD. O ex-ministro do Trabalho de Balsemão teve uma actuação muitíssimo discreta na equipe anterior, para onde entrara com a incumbência de tentar sanar o conflito que opõe ainda os sindicalistas sociais democratas da UGT à estrutura dos TSD.”
IN “O Independente” 12 de Abril de 1990

“Se ele tivesse adivinhado antes de subir ao palco a vaia que o Congresso lhe ia dispensar, certamente que não se atreveria a fazê-lo. Dava antes uma desculpa.
As suas ligações à UGT (ao lado dos que se opõem aos TSD) foram-lhe fatais.”

In “ Expresso” 12 de Abril de 1990

Outros poderiam talvez dar uma qualquer desculpa para não subir ao palco. Não o Henrique. A sua vida pautou-se, sempre, por ideais e convicções de que nunca abdicou. Pateadas, apupos, não o incomodavam. Ele sabia que estava no rumo certo. “ Eu sei por onde vou… Sei que não vou por aí”.