domingo, 6 de maio de 2012

NÃO SE PODE DESPERDIÇAR O TEMPO


“Nascimento Rodrigues, que recentemente partiu para Moçambique à frente de uma delegação do Ministério do Trabalho, adiantou que em 1987 deverão estagiar ou participar em acções de formação em Portugal 60 a 70 técnicos dos cinco países africanos de língua portuguesa, afirmou que a delegação vai acordar um conjunto de projectos de assistência técnica no domínio do trabalho e estatísticas do trabalho, emprego, formação profissional e segurança social e acrescentou que a cooperação, já em curso em Angola, Cabo- Verde, Guiné e S. Tomé e prevista para Moçambique, envolve a deslocação de peritos portugueses para dar apoio ao funcionamento dos serviços ou realizar estudos solicitados pelas autoridades locais e vinda a Portugal de técnicos dos ministérios daquele país.
Além da cooperação bilateral, Portugal tem também projectos de apoio à elaboração de legislação do trabalho executado por técnicos portugueses com apoio da OIT.”
IN “Comercio do Porto” 19 de Maio de 1987
“ A Cooperação com países africanos de expressão oficial portuguesa tem sido assumida como um vector consensual da nossa política externa. Não há, sob este aspecto, qualquer problema importante. Devemos, porém, interrogarmo-nos sobre se a cooperação tem sido realizada com estratégia clara e de forma persistente. Talvez tenhamos de chegar à conclusão de que há falhas, aliás recíprocas. Em segundo lugar afirmo, convictamente que Portugal pode fazer mais e melhor. Nem tenho a visão miserabilista de que somos um país pequeno e pobre. Pelo contrário: somos um país que pode oferecer vantagens na cooperação. E essas vantagens não são apenas as da língua, pese a grande importância desta. Portanto, temos de saber seleccionar com clareza as áreas em que apresentamos vantagens. E depois temos de saber estruturar a cooperação nessas áreas com uma visão de organização e uma perspectiva de longo prazo. Portugal precisa de saber organizar-se para a cooperação e reclamar que os PALOP também saibam fazê-lo.
Enfim, entendo que Portugal deve colocar na cooperação com os PALOP os seus melhores valores, tanto quanto lhe for possível. Não se pode desperdiçar o tempo que nos resta ainda, sob pena de as gerações de jovens de Portugal e dos PALOP já nada terem a dizer e a fazer entre si numa cooperação de interesse comum. Ou entendemos isto a tempo e horas ou será tarde para Portugal e para os países africanos de expressão oficial portuguesa”.
IN “Diário de Notícias” 31 de Maio de 1987