sábado, 5 de maio de 2012

VOU LEVAR UM PAPAGAIO


O Serviço de Promoção da Cooperação Técnica da OIT endereçou um outro convite a Nascimento Rodrigues, desta feita relativo a S. Tomé e Príncipe. A OIT propôs ao Governo português via Ministério dos Negócios Estrangeiros, a repartição dos encargos inerentes à contratação daquele técnico em legislação do trabalho. Desconhece-se, porém, qual a disposição do Governo de Lisboa. Esta iniciativa de S. Tomé de se dirigir directamente à OIT para obter o concurso de um consultor de legislação de trabalho, é entendida como o sinal do malogro da cooperação sobre a matéria entre Portugal e aquele país africano.
A cooperação com os países de língua portuguesa, nas áreas do emprego e formação profissional, era habitualmente uma atribuição do ministro do Trabalho.”
IN “O Jornal” 18 de Outubro de 1985

 “O Ministro do Trabalho, Mira Amaral, visita S.Tomé e Príncipe de 26 a 31 de Março  na que é a primeira deslocação oficial de um responsável da tutela a um país de língua oficial portuguesa. De acordo com um comunicado oficial, esta visita é da “maior importância” para o estreitamento dos laços entre os dois países.
Durante a visita serão assinados diversos acordos de cooperação no âmbito do emprego formação profissional, e de segurança social. Para S. Tomé partiu já ontem Nascimento Rodrigues, antigo Ministro do Trabalho e actual director do Gabinete de Cooperação com África que funciona no Ministério do Trabalho. A deslocação, que se prolonga até ao fim do mês de Março insere-se no âmbito da Organização Internacional do Trabalho e visa a cooperação em matérias de trabalho”
IN “ Diário de Lisboa” 4 de Março 1987
“ Tenho andado muitíssimo ocupado desde que cheguei. A recepção foi muito calorosa e o tratamento acolhedor ao máximo. Combinou-se que durante os primeiros 15 dias faria entrevistas, reuniões e visitas a roças e o resto do tempo seria para trabalhar no projecto de legislação. De modo que tenho andado nesta roda viva todos os dias.
 Foi uma semana muito cheia, não houve espaços livres. Infelizmente apareceu-me uma inflamação reumática no joelho esquerdo. Devo estar velho para ficar com reumatismo. Já disse que o acolhimento foi óptimo. A vida é que se degradou desde a última vez. Muito piores condições alimentares (não há pão, nem café nem Nescafé etc.) embora não passe fome claro, e o serviço da Pousada também piorou. É uma pena.
O resto é sempre igual. A diferença como te disse, é que desta vez tem havido muita companhia. Há três dias proporcionaram-nos uma “sessão cultural”, com recitação de poemas, leitura de contos e música de S.Tomé. Foi engraçado. Ontem fui jantar a casa do 1º Secretário da Embaixada e hoje vou jantar ao Embaixador, juntamente com uma equipe da Gulbenkian, que está cá e vai embora amanhã.
Comecei a filmar. Acho que acabo por me entender com a máquina, mas tenho que ver o filme que estou a fazer. Queira Deus que saia bem pois estas paisagens são de facto magníficas.
Sábado vamos ao Príncipe e regressamos 2ª feira de manhã. Vou ver se arranjo um papagaio
S. Tomé 11 de Março de 1987
“Já passa da meia noite, hoje saí às 8 da manhã, foi mais um dia em cheio. Sinto-me muito cansado fisicamente, porque foi um dia esgotante, mas psicologicamente resisto bem, porque não há o stress e o enervamento da vida de Lisboa. Creio que tudo vai continuar a correr bem e que a visita do Ministro será um êxito. Não sei se os nossos jornais saberão “pegar” num acontecimento tão importante e de que me sinto agente. E a nossa casa? Já arranjei dois quadros de S. Tomé para levar para lá”.
S. Tomé 18 de Março de 1987