quinta-feira, 24 de maio de 2012

O FUTURO PERTENCE AO DIÁLOGO


Da sua experiência como consultor jurídico – laboral, declara que lhe ficou ”uma maneira de entender os problemas como os próprios sindicalistas os entendem”.
Eleito deputado pelo PSD presidiu à Comissão Parlamentar do Trabalho na sessão legislativa de 1979/80. Francisco Balsemão chamou-o para a pasta do efémero VII Governo Constitucional que durou oito meses; Nascimento Rodrigues declinou o convite para continuar no VIII, em Setembro de 1981, por ausência de condições para realizar a política que preconizava em relações de trabalho.
A oposição de direita, no seu próprio partido, considerava-o como demasiado “sindicalista”; os sindicatos, de modo geral, respeitaram-no como alguém que se recusou a ser o executor das medidas mais duras impostas pelo FMI.
Eleito vice-presidente da Comissão Política do PSD e nomeado, nessa altura, representante do Governo português junto da OIT, pareceu mover-se sempre mais à vontade ao seu nível de competência profissional, em Genebra, na Guiné- Bissau ou em S. Tomé, do que no meio da trica política lisboeta.
Continua a defender o sindicalismo como “um protagonismo dos sindicatos, como parceiros, ao lado do governo e das confederações patronais, para ajudar a modernizar o País”, e que a UGT tem condições para se tornar a maior central sindical ”se souber  protagonizar esse papel de parceiro social para a modernização”. Mas acrescenta que “ não é do interesse dos sociais-democratas nem do País, a constituição de uma terceira central sindical” embora acrescente que este “ não deve ser um assunto tabu: aqueles que defendem a terceira central têm direito a defendê-la, só que eu não apoio isso”.
Um sindicalista socialista, com responsabilidades na UGT, considera bom para o movimento sindical que Nascimento Rodrigues, tenha emergido nesta altura.” Se ele for apoiado” – comenta – “pode dar um contributo para um sindicalismo interveniente, e independente do poder, enquanto governo e enquanto partido”.
O próprio Nascimento Rodrigues define deste modo a sua filosofia e o seu programa: “ A luta de classes, no sentido marxista dos termos, passou à História. O futuro pertence ao diálogo”.
IN “ O Jornal” 8 de Julho 1988