quinta-feira, 14 de junho de 2012

GENEBRA 9 DE JUNHO DE 1992


O convidado de honra da Conferência foi, nesse ano, o recém- eleito Presidente da Zâmbia, Frederich Chiluba.  Um excerto da resposta do Henrique, à intervenção do Presidente Chiluba.

“(….) A vários títulos, é a sua personalidade um símbolo. Em primeiro lugar, um símbolo da própria liberdade. Os homens que sofreram na sua alma e na sua própria carne a ignomínia das prisões e das perseguições policiais, apenas porque lutaram pela conquista das liberdades políticas fundamentais para o seu povo – esses homens têm uma autoridade moral para proclamar que sem as liberdades democráticas a soberania do povo não pode exercer-se. Autoridade moral, essa, que ganha legitimidade acrescida porque a vontade soberana do povo da Zâmbia conduziu-o, em 1991 através de eleições livres, à magistratura presidencial do seu País.
Em segundo lugar, um símbolo de combate pela Justiça Social. Presidente do Congresso dos Sindicatos da Zâmbia desde 1974, a permanente e abnegada dedicação ao movimento sindical confere a Vossa Excelência o justo título de emérito sindicalista e de combatente pelos direitos sociais elementares que dignificam o homem do trabalho.
Em terceiro lugar, representa Vossa Excelência um símbolo de democracia participativa, porque é adepto e praticante do diálogo, através do qual se busca o entendimento e se forja o consenso que conduz a soluções de progresso e de Paz. (….)
É, assim, Vossa excelência, em suma, um símbolo da vitória da Democracia nas suas vertentes política, económica e social e um exemplo concreto da Universalidade dessa Democracia. (…)
Senhor Presidente da República da Zâmbia
Quis o destino que o presidente eleito desta Conferência fosse europeu, cidadão de um dos mais velhos países da Europa Ocidental – Portugal. Originário, porém, de um belo e grande país irmão africano – Angola -, a minha memória tem vivos os ensinamentos de valiosas tradições dos povos de África. Em particular, recordo a prática secular de os chefes anciãos das aldeias reunirem à sua volta os seus povos, para escutar as queixas dos homens, dirimir os seus conflitos, fazer justiça aos perseguidos, punir os culpados e estabelecer a paz nas suas comunidades.
Permita-me que exprima o voto sincero de que Vossa Excelência, Senhor Presidente, jovem na idade, político na flor da vida, africano de prestígio internacional, possa guardar em si essa sabedoria profunda dos anciãos da sua terra africana. E que essa sabedoria o guie pelos caminhos da rectidão e da paz”.

Genebra, 9 de Junho 1992