domingo, 3 de junho de 2012

MOVIMENTAÇÃO DIPLOMATICA


“A 79ª sessão da Conferência Internacional do Trabalho comportou para Portugal um significado muito marcantemente honroso. É mister assinalá-lo como convém, até porque se torna cada vez mais necessário que alijemos de vez uma certa visão antiquada e empobrecedora acerca de nós próprios, portugueses, e do nosso País. Portugal é membro da OIT desde 1919. Ao longo destes setenta e três anos de vida da Organização, e não obstante cumpridor sóbrio das suas obrigações como Estado membro mandante, jamais o nosso País conseguira alcandorar-se à presidência de uma Conferência Internacional do Trabalho (CIT) – sendo certo, note-se, que estas são anuais e inspiradas no princípio da rotatividade.
A indigitação da presidência para 1992 cabia à região da Europa Ocidental (constituída por vinte e dois países membros da OIT). As candidaturas desses países e os nomes dos seus candidatos começam a ser divulgados, por norma, nos finais do ano que precede o da Conferência próxima. E a partir daí desenrola-se, como é natural, todo um árduo procedimento negocial de captação de apoios, de pressões e de influências, de iniciativas diplomáticas formais ou oficiosas e, decerto, já que a ingenuidade paga-se caro nestes assuntos, também de múltiplas e discretas intervenções de bastidor.
Trata-se, portanto de um processo complexo e delicado, e de uma elevada aposta, em que os Estados se empenham forte pelo prestígio que lhes pode advir da presidência da Conferência Internacional do Trabalho.”
Lisboa, Dezembro de 1992
Nascimento Rodrigues
in “ A Democratização e a OIT” Edição: Conselho Económico e Social
Prefácio