terça-feira, 19 de junho de 2012

POLÍTICA NÃO ENTRA NO CES


Na semana em que será empossado, pelo Presidente da Assembleia da República, nas funções de Presidente do Conselho Económico e Social, Nascimento Rodrigues afirmou em entrevista ao DN que o novo órgão  “não deve ser nunca uma câmara de debate político-partidário, já que para isso existe o Parlamento”. O novo órgão vai ter uma representação muito ampla em matéria de parceiros sociais. Segundo Nascimento Rodrigues, trata-se de ultrapassar a mera concepção tripartida de Governo, representantes patronais e sindicais, para “espelhar uma realidade nova, em que o cidadão quer ter voz activa em vários domínios”. Ou seja, o CES vai poder representar toda a sociedade portuguesa, onde os vários interesses em jogo estão, segundo recorda Nascimento Rodrigues, “mais diversificados e pulverizados”. O Conselho deve ser por isso “um órgão onde a sociedade civil deve tentar obter uma plataforma de encontro dos interesses e articulá-los aí”

IN “ Diário de Notícias” 23 de Maio de 1992

  “Nascimento Rodrigues é empossado esta tarde por Barbosa de Melo, na Assembleia da República, nas funções de presidente do Conselho Económico e Social. Em entrevista ao “Correio da Manhã” Nascimento Rodrigues disse ser sua intenção como presidente do CES, fazer com que este órgão se “exprima livremente acerca das mais variadas questões” respeitando os pareceres das organizações que dele fazem parte, de forma a que seja uma realidade a existência de um “forum representativo da voz da sociedade civil”. Contrariando a ideia de que a importância do CES para o País venha a ser reduzida Nascimento Rodrigues fundamentou a existência do diálogo e do bom senso com objectivos a adoptar no funcionamento deste novo órgão de concertação. “Os interesses do país estão correlacionados. Não há interesses isolados. Os interesses do Governo são os interesses do país e o Governo existe para servir o país. Haverá sempre ocasiões em que as decisões do CES serão adoptadas total ou parcialmente e poderá haver outras ocasiões em que o Governo entenda que não pode fazê-lo, por razões que dizem respeito especificamente ao próprio Governo”, sublinhou Nascimento Rodrigues.
Quanto à existência de conflitos de interesses, Nascimento Rodrigues é de opinião que se deve procurar que estes convirjam para um objectivo comum, ou seja, “encontrar a plataforma de soluções mais vasta e aceitável por todas as partes ou pela maior parte.
“ Trata-se de uma questão de bom- senso. O que é preciso é que o governo esteja disposto a ouvir o CES e, por outro lado, que o CES emita posições fundamentadas e credíveis, exactamente para que elas possam ter impacto e ser viabilizadas pelo Governo. Este CES é, naturalmente um forum de diálogo”. Aliás o diálogo, segundo Nascimento Rodrigues, tem sido uma das experiências mais positivas dos últimos cinco anos, protagonizado pelos inúmeros acordos conseguidos em matéria de concertação social. Acordos que defende representam um sinal de “maturidade política e social” além de constituírem “etapas de processo gradual do ponto de vista económico e social”.
IN “ Correio da Manhã” 28 de Maio de 1992