sábado, 11 de agosto de 2012

DIREITO DE TRABALHO/DIREITO AO TRABALHO


Em Maio de 1994, numa conferência sobre o tema: “ O Desemprego e o Estado Providência na União Europeia”( Uma posição para o contributo do PPD/PSD), o Henrique, depois de se ter referido, em síntese, à transformação evolutiva do desenvolvimento económico e social na União Europeia, de ter apontado causas dessa evolução, e  caminhos seguidos por neo liberais e socialistas para lhe dar resposta, afirma:

(…)“ Nós, sociais democratas, não podemos deixar de defender como objectivo prioritário de toda a política o da manutenção e do desenvolvimento do emprego.
É fácil desenhar os caminhos, traçar as medidas, implantar os projectos, articular as acções que conduzem a essa prioridade? Não é. Devemos dizê-lo com toda a clareza, porque a política não deixa de ser, antes de mais uma questão de rigor e de honestidade nas definições estratégicas possíveis. Mas há possibilidades, e há necessidades, que não podem deixar de ser total e adequadamente exploradas no combate ao desemprego.(…)
No que respeita aos sectores de bens não transaccionáveis, há que manter um papel importante de sector público e social.(…)
Mesmo no sector de bens transaccionáveis, não julgo ser despropositado que se recoloque a questão de saber se todas e as melhores soluções são no sentido da redução de efectivos e da sua automática substituição pela máquina.
Alguns países começam já a colocar esta questão e o clássico exemplo dos abastecedores das bombas de gasolina, do “marçano” da mercearia de bairro, do encadernador de alfarrábios e sebentas são trazidos à liça para perguntar se a destruição destes “obsoletos” empregos foi rendível e, sobretudo, se o seu desaparecimento acarretou uma prestação de serviços ao cidadão mais eficiente, mais humana e de melhor qualidade. (…)
Responder-me-ão que estes são empregos pouco qualificados, insuficientemente remunerados. De acordo. Contra-responderei que, em todo o caso são empregos. Qual é a opção spcial-democrata: prefere o subsídio de desemprego e a desocupação ou inatividade, com todas as suas sequelas humanas, sociais, orçamentais e políticas, ou prefere apelar à consciência nacional – em 1º lugar, à consciência dos próprios investidores e empresários – para que façamos tudo o que é possível fazer, por ora, para não destruir empregos que talvez não precisem de ser destruidos(…).
Pretendo afirmar, apenas, que o direito ao trabalho é o primeiro dos direitos fundamentais do homem – como expressão da sua própria realização, como vivência da sua própria dignidade, como manifestação de progresso individual e de solidariedade para o progresso colectivo.
Por isso nós social-democratas devemos defender o direito do trabalho, no contexto das garantias, de direitos e deveres sem os quais não subsistirão sociedades livres, democráticas e justas. Mas, por isso mesmo também, a nossa postura nesta questão economicamente controversa, e ideologicamente marcante, só pode ser uma, e só uma: sim a um direito do trabalho que seja instrumento eficaz do sagrado direito ao trabalho.
E por isso mesmo é que não somos nem liberais nem socialistas, apenas e sempre social-democratas!”.
Lisboa, 5 de Maio se 1994l