terça-feira, 21 de agosto de 2012

VALORIZAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS


Intervenção proferida pelo Presidente do Conselho Económico e Social na abertura do Forum  -  “Recursos Humanos 95”- O “ Estado da arte” de gerir pessoas em Portugal

É habitual, todos o sabemos, pedirem os políticos, aos seus assessores, a “redação” dos discursos proferidos em determinados eventos. Até já vimos, políticos proferirem discursos que não são os seus, sem darem conta do sucedido. Mas isso não acontecia com o Henrique que, escrevia, reescrevia, rasurava, voltava a escrever, rasurava de novo, até se dar por satisfeito. Sempre o conheci assim. Tudo o que está reproduzido no blog é da sua autoria exclusiva. Foi trabalhado, emendado, pensado, elaborado até atingir a qualidade que exigia a si próprio.  

(…) Os benefícios do desenvolvimento criam-se, é certo, com investimento, com trabalho, com esforço e sacrifício. Mas não basta. A qualidade do investimento e do trabalho são fundamentais.
Acontece, porém, que há muitos investimentos estratégicos e estruturantes pouco qualificados, em que se delapidaram muitos dos recursos a eles afectados… Há muitos investimentos que se suportam em práticas de degradação social, concorrência desleal, o que evidencia o enriquecimento de alguns, mas engendra o empobrecimento de muitos. Em qualquer caso, resulta fragilizado o potencial económico e social do País.(…)
Finalmente, há também muito, muito trabalho, mas sem qualquer aproveitamento, por falta de qualidade bastante. (…)
Mas é necessário que a qualidade seja protagonizada por todos e os seus resultados acessíveis a todos os que nesse esforço participem, dando-se, assim, rosto e corpo a uma expressão de socialização. Ninguém conseguirá obter resultados significativos se parte dos intervenientes agir contra a qualidade que timbre um determinado objectivo..
Ora, este valor acrescentado de qualidade e a extensão social que ele pode assumir por via da socialização activa, estão directamente associados à valorização dos recursos humanos.(…)
A valorização dos recursos humanos compromete cada cidadão em função do futuro que quer para si e para o País. Todos somos chamados a melhorar o nosso saber, saber-fazer e estar, para participarmos na sociedade com a qualidade que nós próprios devemos exigir e nos é também exigível.”
Lisboa 15 de Março 1995