quinta-feira, 30 de agosto de 2012

NÃO HÁ EMPRESAS SEM TRABALHADORES NEM TRABALHADORES SEM EMPRESAS


Em Junho de 1995 o Henrique participa no Funchal no I Congresso dos Trabalhadores Social Democratas. De acordo com o Jornal da Madeira acedeu a “fazer alguns comentários” sobre várias questões relacionadas com a situação nacional. Nesta entrevista, e em jeito de fim de mandato, que se anuncia, em virtude das legislativas de Outubro, à pergunta do jornalista:

“Como tem estado a funcionar o Conselho Económico e Social?”, responde:

“Tem sido relativamente fácil o seu funcionamento e tem constituído uma tarefa muito satisfatória para mim. Ao contrário do que muitos pensam, em Portugal há um grande diálogo entre o Governo e os Parceiros Sociais.
Quando digo diálogo, não quer dizer que tenha de existir acordo, o diálogo é a discussão pelas pessoas dos seus pontos de vista, trocarem impressões e posições, tentando convencer os outros da sua razão de ser. É isso que se tem passado no Conselho Económico e Social, entre o Governo e os Parceiros Sociais. Não se tem chegado a acordo nos últimos dois anos relativamente à possibilidade de celebração de acordos sociais, mas tenho verificado que tem existido uma grande convergência de pontos de vista no que respeita a muitas matérias. Se me pergunta se tem sido fácil, desse ponto de vista acho que tem sido.”
Penso que o diálogo tem sido muito amplo, ao contrário do que muitas vezes a opinião pública julga. Não se discute apenas a questão da política salarial, essa é mesmo a última questão que se discute. Discutem-se questões muito importantes, como a criação de empregos, a formação profissional, a articulação do sistema de formação profissional com o sistema de ensino, os incentivos às empresas para a criação de postos de trabalho e para a melhoria da sua competitividade.”E justifica: “ Porque por aí passa também muito a criação do emprego em Portugal. Hoje em dia este tipo de questões já é visionado por uma parte do nosso movimento sindical como sendo uma parte que diz respeito também aos trabalhadores. Pois não há trabalhadores sem empresas, nem empresas sem trabalhadores. Começou-se a perceber que este tipo de questões não diz respeito aos empresários de um lado e aos trabalhadores do outro. Diz respeito a todos.”  

Funchal, 2ª feira, 26 de Junho 1995