quinta-feira, 2 de agosto de 2012

UMA SOCIEDADE DE “DUAS VIAS”


(…) O desemprego é um resultado e uma causa da menor competitividade europeia. É um resultado porque deriva da menor capacidade das economias comunitárias para criar empregos. É uma causa, porque a situação de desemprego traduz-se na delapidação inaceitável, sob qualquer ponto de vista, dos recursos humanos (a maior riqueza de qualquer Nação) e exprime-se em quebras de receitas e aumentos de custos nos sistemas de protecção social. A Europa está a perder, portanto, competitividade. O Estado- Providência está a perder capacidade financeira para responder aos objectivos de protecção social para que foi criado.
Por isso mesmo, a opinião pública nos Estados- membros revela cada vez mais preocupação quanto à eventualidade de a integração europeia suscitar um nivelamento por baixo das normas de protecção social. Os cidadãos europeus não querem que se enfraqueçam, ou se desmoronem, os sistemas de protecção social que os respectivos Estados foram criando ao longo de décadas. (…)
Os europeus anseiam, sim, por progresso económico e por progresso social, na liberdade, com solidariedade, no respeito pela dignidade humana (…)
A prosseguir-se com as actuais políticas sociais, cada vez mais se corre o risco de as nossas sociedades se revelarem de “duas vias”: de um lado, os que são altamente qualificados e criam riqueza, de outro lado, os “não activos”, pouco ou insuficientemente qualificados, sem emprego ou com emprego sem horizontes, destinados a receber subsídios e apoios financeiros, mas sem hipóteses de realização humana cívica e profissional.
Tais situações não são compatíveis com os valores humanistas e culturais das sociedades europeias. Tais situações, a agravarem-se, esgotarão a capacidade financeira dos actuais sistemas de protecção social.
Excerto da Conferência de Imprensa para apresentação do debate sobre o “Livro Verde da Política Social Europeia – CES, 25 de Janeiro 1994