sexta-feira, 5 de outubro de 2012

MEMÓRIAS DO LUBANGO

(1958 ). Na primeira página de um dos diários da sua juventude, o Henrique transcreve um soneto de António Nobre, que  reproduzo

“Menino e Moço”

Tombou da haste a minha infância alada.
Murchou na jarra de oiro o púdico jasmim:
Voou aos altos Céus a pomba enamorada
Que dantes estendia as asas sobre mim.

Julguei que fosse eterna a luz dessa alvorada,
E que era sempre dia, e nunca tinha fim
Essa visão de luar que vivia encantada,
Num castelo com torres de marfim!

Mas, hoje, as pombas de oiro, as aves da minha infância,
Que me enchiam de Lua o coração, outrora,
Partiram e no Céu evolam-se, a distância!

Debalde clamo e choro, erguendo aos Céus meus ais:
Voltam na casa do vento os ais que a alma chora,
Elas, porém Senhor! Elas não voltam mais

 António Nobre 





1956 O Henrique está assinalado com x

Outubro de 2006, 50 anos depois 
O  ex-Liceu Diogo Cão, actual Universidade do Lubango, Setembro de 2009