quinta-feira, 18 de outubro de 2012

PELOS DIREITOS DOS POLÍCIAS


Nascimento Rodrigues tem fama de ser contra o sindicalismo da polícia. Mas o novo provedor diz que num parecer que lhe foi pedido na primeira metade dos anos oitenta, esclareceu apenas se uma lei limitativa dos direitos de sindicalismo da polícia era legítima à luz das convenções da OIT, nomeadamente a nº 87, sobre liberdade sindical. A resposta foi afirmativa, uma vez que essas excepções estão previstas nas referidas convenções. Na sua opinião, “muito do que se tem passado é como uma onda que vem de trás, porque não atenderam às justas reivindicações dos seus agentes”. Por isso, defende que, com sindicatos ou com outras formas de associação, “tem que haver legislação para assegurar os direitos dos polícias”.

In “Visão” 8 de Junho 2000

Pergunta- O Dr. é conhecido por defender até à exaustão os Direitos Humanos. Gostaríamos de saber qual o seu parecer sobre a criação de um sindicato da polícia.
Nascimento Rodrigues- “ O direito dos trabalhadores à sindicalização é um direito fundamental. Todavia, este direito admite ou restrições nuns casos, ou adaptações noutros casos, sempre que se trate do exercício de funções que implicam com a soberania  do Estado, ou com outros direitos fundamentais dos cidadãos. Por exemplo, há países em que os juízes, os diplomatas, ou as forças armadas não têm direito à organização sindical e não são menos democráticos por isso. A questão, portanto, deve ser ponderada com todo o bom senso e de acordo com o que é a nossa própria cultura, o sentimento colectivo. Mas isto não deve conduzir à negação do reconhecimento de que aos polícias assiste um direito de participação negocial nas suas condições de trabalho e de exercício das suas funções. Isto é o que me parece irrecusável e pode conseguir-se sob fórmulas diferenciadas, como as experiências estrangeiras demonstram. Espero, portanto, que a Assembleia possa encontrar uma solução justa e equilibrada para esta questão em momento de serenidade. Mas seria inconveniente o seu arrastamento, sob pena de se deixar agravar um mal estar que é prejudicial a todos”.

In Entrevista  ao Jornal Regional “Postal do Algarve”, 29 de Junho de 2000