sábado, 25 de junho de 2011

NOTAS POLÍTICAS (75)

A questão central que vem sendo colocada nos países europeus é a da perda progressiva de direitos sociais conquistados, sobretudo na fase do “boom” económico do pós – guerra e, entre nós, principalmente a partir do 25 de Abril.

Vamos tomando consciência, inexoravelmente, de que o crescimento económico da Europa é persistentemente baixo. Entre nós o crescimento económico é mortiço despoletando, mais uma vez taxas de desemprego indesejáveis.

O sistema de protecção social, por seu turno, dá sinais evidentes de fissuras, pela baixa taxa de natalidade, pela insuficiência dos recursos financeiros, o alongamento da esperança de vida e a maior durabilidade das pensões, o peso dos cuidados de saúde, o crescimento sustentado do desemprego e a persistência de faixas de pobreza e de exclusão social.

Não pode dizer-se que estas realidades sejam desconhecidas, como não se pode afirmar que não há propostas de solução, naturalmente não coincidentes. E também não se pode asseverar que não há respostas. As várias medidas que recentemente foram anunciadas, umas, e adoptadas, outras, perfilam-se como respostas: porventura insuficientes para os que continuam a pugnar por um modelo de Estado Social, ainda que refundido: decerto rejeitáveis para os que nelas nada mais vêem do que respostas neo-liberais: porventura impertinentes, enfim, para aqueles outros que já não acreditam na sobrevivência do próprio modelo social europeu, com os seus vários contornos.

Lisboa 10 de Novembro 2005