domingo, 16 de setembro de 2012

EU OUVIREI



“O  meu pai foi eleito Provedor de Justiça pela Assembleia da República no dia 18 de Maio de 2000. A sua  eleição resultou de 162 votos a favor e 46 contra. Tinha então 59 anos. Tornou-se assim o 7º Provedor de Justiça na história da democracia portuguesa. Tomou posse em 9 de Junho desse ano e, por inerência, a 10 de Julho de 2000, pelas 10.45 toma posse como Membro do Conselho de Estado, no Palácio de Belém. Ser Provedor de Justiça foi, na sua vida o “coroar” de um percurso, longo e bem sedimentado, de conhecimento e experiência na área laboral mas principalmente na defesa  dos direitos dos cidadãos, em geral, e dos trabalhadores, em particular. Mas fundamentalmente foi o coroar de alguém que percorrera a vida aprendendo a ouvir, a dialogar e a conciliar interesses. Ele, que era, por natureza e por percurso de vida, um ouvidor, era agora chamado a desempenhar um cargo para cujo exercício uma das características exigidas eram precisamente a de um bom ouvinte. Simultaneamente, veio encontrar, no último cargo público que exerceu, a independência e o contacto com os problemas “das pessoas” que, no início da sua vida adulta, o haviam feito querer prosseguir a magistratura.
Via e entendia o cargo de Provedor de Justiça precisamente como o lugar de um ouvinte, daquele que escuta por dever. No discurso de posse do seu segundo mandato como Provedor de Justiça desejou que, em cada dia de trabalho na Provedoria de Justiça fossem lembradas as belíssimas palavras de Manuel Alegre, na alocução oficial que fizera aos congressistas da Federação Ibero-Americana de Ombudsman quando estes se reuniram em Lisboa, em 2002 na Sala do Senado e, quando, em representação do Presidente do nosso Parlamento, disse “Quando mais ninguém ouve alguém, há sempre alguém que ouve um cidadão”. E a propósito dessas palavras disse Nascimento Rodrigues: “ A Provedoria de Justiça ouvirá. Eu ouvirei”
Sofia Nascimento Rodrigues