sexta-feira, 21 de setembro de 2012

TOMADA DE POSSE


Sobre o mandato que vai cumprir, Nascimento Rodrigues não estabeleceu quaisquer etapas, sublinhando: “Venho para cumprir na íntegra o estatuto de atribuições e competências que a Constituição e a lei conferem à instituição – e esse é obviamente, um enquadramento de que não me afastarei. O novo titular do cargo disse que “ seria contraproducente visionar alterações no que de muito, e de muito bom, já existe, e que devo, por isso mesmo, saber preservar, nunca desfazer”.
In “Diário de Notícias” 10 de Junho 2000

No seu discurso, na sala de visitas do presidente da A.R. o Henrique elogiou “o brilho e elevação” com que o cargo foi exercido pelos sucessivos titulares, graças a quem a Provedoria de Justiça passou a estar “no centro das atenções do país”.

“ A configuração constitucional e legal do órgão Provedor de Justiça, a que acresce a específica e por isso difícil sucessão a que fui chamado, justificam que a mim próprio me tenha interrogado – e suponho sempre me interrogarei – sobre se o nosso Povo, através dos seus deputados, irá doravante poder contar com o Provedor a que tem direito que merece e que não lhe pode faltar nas horas intranquilas da sua vida quotidiana, em que se confronta com a autoridade abusiva ou iníqua dos poderes públicos, se debate com a decisão legalmente incorrecta ou falha de memória da Administração, e até se vê envolvido pela hegemonia de entidades que, embora privadas, arranham e afectam os seus direitos fundamentais.
 O maior esteio à coragem institucional que envolve, por natureza, o exercício desta autoridade sem poderes decisórios – frágil porque não manda, nada impõe, sequer constrange; forte justamente por isso, porque recomenda com razão, aconselha com justiça, sugere com prudência e persuade para criar paz nas relações sociais,- esse esteio advém-me apenas do voto do Parlamento”.
Não quis fazer promessas nem anunciar projectos. Apenas pediu que lhe seja concedido tempo “porque a Justiça deve começar por ter lugar na própria casa, a natureza unipessoal do órgão, e a heterogeneidade caleidoscópica dos assuntos levados ao Provedor, impõem-lhe uma matriz de perfil em que se entrecruzam a serenidade da rectidão, a irrequietude do combate, a solicitude do coração, a afabilidade no trato, a seriação do Direito e a ponderação da Justiça”.
A história ainda não se fez, é certo, mas o Henrique exerceu o seu mandato “ com a alma no lugar de cada queixa que tratou, de cada procedimento que adoptou, de cada posição  que assumiu.