domingo, 23 de setembro de 2012

O PRIMEIRO MANDATO


“Ao aceitar o cargo de Provedor de Justiça, considerou-o “muitíssimo interessante” e “muito absorvente”. Chegavam então, anualmente, à Provedoria de Justiça entre 5mil a 6 mil queixas. Ao tomar posse, no seu primeiro mandato, prometeu “ tudo fazer para não desmerecer dos valores que lhe deram origem” e propôs-se exercer “uma magistratura de raiz moral, integra e surda a constrições”. Quando chegou à Provedoria, o meu pai assumiu a atitude de não fazer mudanças. Não conhecia ainda a casa e não quis ter a ousadia de, antes disso acontecer, traçar um programa. Não promoveu, por isso, alterações na orgânica da instituição, tendo preferido conquistar a confiança dos seus colaboradores que não conhecia. “Assumi a posição de parar para olhar cá para dentro”.
Mas quanto ao modo de funcionamento procurou levar para a Procuradoria de Justiça a cultura que aprendera nos conflitos de trabalho e na concertação. Pouco tempo depois de tomar posse, questionado sobre se havia alterado o modo de funcionamento da Provedoria de Justiça, responde: “Sim. Eu tenho outro tipo de experiência, mais virada para a mediação, para o contacto directo. Foi isso que aprendi nos conflitos de trabalho e na concertação social. Daí a minha pressão para a celeridade e a mediação”.
Com efeito, ao longo do seu primeiro mandato procurou dinamizar a instituição, preocupado para que não se transformasse num organismo burocrático ou num órgão semelhante aos tribunais, com longas pendências. Entendia que o Provedor de Justiça não deveria deixar-se confundir com a imagem da burocracia estadual ou com a conhecida lentidão da Justiça e, por isso, não lhe era lícito esquecer que a sua primeira obrigação seria a de resolver, em tempo útil, as queixas que os cidadãos lhe dirigiam.
As queixas eram, de facto, a sua prioridade: “ O Provedor pode ser protagonista mediático pode pegar em três ou quatro casos e dizer: -  não quero saber do que cá está dentro, tenho colaboradores em quem confio- ou pode tomar a atitude que adoptei. Qual a primeira obrigação do provedor? Responder às queixas dos cidadãos. Foi para isso que fui eleito; é para isso que cá estou”
Sofia Nascimento Rodrigues