segunda-feira, 10 de setembro de 2012

POEMA DA HORA PRESENTE

A maré sobe
longínqua e distante,
mas sobe...

Tem a força de um atlante
e a frescura gloriosa da manhã!

Podem forjar matadoiros,
abrir veia por veia
os pulsos que não suportam algemas;
e preparar sorvedoiros 
e emboscadas de atalaia 
e erguer barreiras na praia
contra a onda que se alteia 
para afogar nos seus braços
abismos de escuridão...

Areias loucas da praia
a hora da maré cheia
cantai-a
não há barreira que tolha
a gloriosa ascensão!

Onde o poder pr'a impedir 
que a Primavera floresça?

Aconteça o que aconteça
a Primavera há-de vir
e a maré 
longínqua e distante, 
continuará a subir...

Lilia da Fonseca
Nasceu em Benguela, Angola, a 21 de Maio de 1916
Faleceu em 1991