terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A ANHARA


Chata, grande, sem fundo
sem arvores nem flores,
apenas com gavetos espetados
de longe em longe…

Sublinhando a linha
inesperada e lívida
dos morros de salalé…
jaz, a anhara fatal
onde morrem os destinos!

Marcas de pés na areia
são rastos de humanidade
que por ali passou…

Vinda do vazio além
indo para o além vazio,
sem ter pontos cardeais
nem caminhos encontrados,

A anhara fatal sou eu
os passos, fui eu que dei,
na caminhada que fiz
a mim próprio perdi…

(Poesia de Neves e Sousa, 1958)