"O desemprego dos jovens ilustra, no fundo este questionar, não de valores fundamentais da Democracia - porque são perenes – mas, sim, dos condicionamentos, dos comportamentos, das visões e das respostas que as nossas sociedades estão a deixar alastrar, diria que frequentemente, sem sinais de um sucesso perdurável.
O desemprego dos jovens não é mais do que um aspecto do problema mais global do desemprego.
Deve-se-lhe atribuir um alto grau de atenção, mas julgaria acertado, também, fazer relacionar as consequências, para os jovens, do desemprego de longa duração dos pais, eles próprios afectados sobretudo nas sociedades pós-industriais, por vagas de desemprego, causadas pela revolução tecnológica, pela internacionalização da concorrência, pela globalização das economias, pela dessincronização operativa e temporal das políticas governamentais, a nível nacional ou à escala supra-nacional.
Nuns ou noutros casos, com causas nem sempre idênticas, com perfis estruturais por vezes diferentes, com perspectivas de evolução não coincidentes, a verdade é que as nossas sociedades, sejam mais, ou menos avançadas economicamente, quase todas elas esbarram com a persistência senão o agravamento, de elevadas taxas de desemprego.
Muitos têm referido, a propósito do insucesso no combate ao desemprego, que o paradoxo é o do crescimento económico sem correlativo aumento de taxa de empregabilidade. Será só este o paradoxo? Talvez haja outros."Excerto do Discurso proferido pelo presidente do CES Português durante o IV Encontro Internacional dos Conselhos Económicos e Sociais Maio 1995