Perante a ocupação de Luanda pelas forças da Companhia das Índias Ocidentais, em Agosto de 1641, foi em Massangano que as forças portuguesas se recolheram e onde resistiram até à reconquista por Salvador Correia de Sá e Benevides, em Agosto de 1648. Vamos ler o que o Ouvidor do Kimbo escreveu sobre este acontecimento histórico.
"Massangano, outro foco sempre latente de nacionalismo, pode-se considerar como testemunho eterno da Raça Lusa. Nas pedras da secular fortaleza, cometeram-se feitos tão grandiosos, que a História os perpetuará eternamente em letras doiradas. Adentro das muralhas de Massangano, muitas vezes reinou a fome, o desalento e até a peste mortífera; mas nem por isso os nossos desanimaram, nem franquearam o umbral da entrada em vergonhosa rendição como tantas e tantas vezes se tem constatado. Os assaltantes - e muitos foram - depararam sempre com uma tenaz e imprevista resistência por parte dos sitiados na aringa, que jamais soube o que era o travo amargo da derrota. “FOGO DE MONTURO” lhe chamavam desdenhosamente os holandeses, assim apelidando a resistência portuguesa. Mas o que é certo é que esse “Fogo de Monturo”nunca deixou de queimar em labareda vivaz, e arde hoje dentro de nós em admiração profunda por essa nobre pedra tumular dos portugueses de Angola, soldados desconhecidos mas eternos, que não permitiram que, nesta florescente terra – a mais portuguesa de todas as províncias portuguesas - tremulasse outro pendão, que não fosse a Eterna e Gloriosa Bandeira Verde Rubra " Três excertos do discurso, proferido na “Ceia dos Estudantes”, comemorativo do 1º de Dezembro aos 30.11.1956 ( Lubango- antiga Sá da Bandeira- Angola )
MASSANGANO
Quando a noite cai em Massangano
os mortos erguem vozes dos covais
gritando dores de morto desengano...
Dentre as ruinas esguias, as visões
alongam braços de treva descarnada,
e sons de orgão na igreja abandonada
rangem ouro e sangue aos borbotões!
Ramos de cruzes, grilhões de prisioneiros
canhões de aventura e sonhos legendários
ressurgem estes mundos visionários
da memória dos antigos prisioneiros.
E o vento sul melancólico e vibrante
leva envolto em si a nostalgia
do burgo antigo presente mas distante
Poesia de Albano Neves e Sousa