domingo, 23 de janeiro de 2011

PORTUGAL É A MINHA PÁTRIA– A MINHA TERRA É ANGOLA ngola

"Volvamos a mente, em visão retrospectiva, para o conturbado cenário político, que avassalava Portugal, na primeira metade do século XVII. Sem chefes autoritários, sem armada nem exército, sem um comércio marítimo, que fora até então fonte inesgotável de riquezas, a Pátria sufoca em estertor agonizante. E, se na metrópole, a situação é realmente angustiosa, no ultramar, em que à força de golpes de heroísmo se arreigara a nossa soberania, não vai decorrendo a vida em estado normal. Lá, como aqui, adversários implacáveis destroem num dia a soberba obra que custara o suor do rosto lusitano. Que sirvam de exemplo as ruínas do Oriente, onde o domínio dos portugueses caía precipitadamente perante os golpes vibrados pelos flibusteiros.
Tombada uma das derradeiras resistências – a cidade de Ormuz – desfaz-se em chamas o poderio de Portugal no Extremo-Oriente!
Na América, a imensa e prometedora costa brasileira é objecto de cobiça permanente por parte dos piratas holandeses, auxiliados nas suas torpes intenções pelo governo neerlandês que a si próprio se aclamara arauto da liberdade de navegação! Infelizmente os portugueses do Brasil possuíam
fracos meios de defesa, pelo que se tornavam, de ano para ano, como fruto tentador, de colheita rendosa. Mas enganam-se redondamente aqueles que os julgam presa fácil! Se na realidade, as condições de defesa são simplesmente deploráveis, e a negligência vexatória do governo de Madrid nos conduz à decadência ruinosa, há que contar sobre tudo, com um forte espírito nacionalista, com uma alma votada aos mais nobres ideais da Pátria, os quais superam, de grosso modo, as deficiências a que as províncias ultramarinas estão votadas. E neste aspecto a heroicidade do povo Português de além-mar toma foros de epopeia, ao combater, quase sem probabilidades de êxito, um inimigo superiormente armado.
A obra gigantesca da Restauração não se deve só aqueles que na Metrópole enfrentaram o jugo alheio;
Aqui em Angola, brilhante jóia que nunca deixou de fulgir na coroa portuguesa, não foi menos grandiosa a obra do ressurgimento do nosso património. Por estas anharas e sertões, cometeram-se feitos tão fulgurantes, que é justo evidenciarmos o esforço ingente desses bravos colonos, que na terra natal deixaram jaleca e noiva, para em paragens inóspitas desbravarem o solo árido, sob a bandeira das cinco quinas. Difícil se torna apontar mais detalhadamente este ou aquele episódio, porque sem excepção, todos souberam honrar o nome de Portugal."