quinta-feira, 26 de maio de 2011

CAMINHOS DO DIÁLOGO TRIPARTIDO EM PERÍODOS DE CRISE (2)

Os factores de natureza económica de que ressumam as características de uma crise nacional são, como já disse, de grande peso. Desde a fraqueza do mercado de emprego à retracção do investimento, ao volume do crédito, etc., tudo são vectores que podem conduzir, de acordo com a avaliação feita por cada parceiro, aos caminhos da negociação e do consenso ou, pelo contrário do confronto permanente.

Repare-se, por exemplo, no aspecto referente ao mercado de emprego: a situação concreta pode impelir uma estratégia mais voltada para a aceitação de plataformas de entendimento, designadamente, por hipótese, no campo da política salarial global; ou pode conduzir, ao inverso, ao agravamento da situação e a uma estratégia consequente de confronto.

Mas se, no conjunto, os factores de crise económica acentuam talvez uma propensão para a “interiorização” de que é necessário um mínimo esforço colectivo e para uma “exteriorização”dessa convicção eles próprios também podem provocar fenómeno contrário. O descontentamento popular pode crescer e alastrar poderosamente nesse contexto, e estaremos colocados perante o cenário de os parceiros sindicais, e por vezes os parceiros empresariais, decidirem optar por caminhos de luta aberta, pela via do não diálogo, quer com o Governo quer com a outra parte - ou seja , haverá maiores perspectivas de confronto que de consensualização.

Março 1981