Os factores de natureza económica de que ressumam as características de uma crise nacional são, como já disse, de grande peso. Desde a fraqueza do mercado de emprego à retracção do investimento, ao volume do crédito, etc., tudo são vectores que podem conduzir, de acordo com a avaliação feita por cada parceiro, aos caminhos da negociação e do consenso ou, pelo contrário do confronto permanente.
Repare-se, por exemplo, no aspecto referente ao mercado de emprego: a situação concreta pode impelir uma estratégia mais voltada para a aceitação de plataformas de entendimento, designadamente, por hipótese, no campo da política salarial global; ou pode conduzir, ao inverso, ao agravamento da situação e a uma estratégia consequente de confronto.
Mas se, no conjunto, os factores de crise económica acentuam talvez uma propensão para a “interiorização” de que é necessário um mínimo esforço colectivo e para uma “exteriorização”dessa convicção eles próprios também podem provocar fenómeno contrário. O descontentamento popular pode crescer e alastrar poderosamente nesse contexto, e estaremos colocados perante o cenário de os parceiros sindicais, e por vezes os parceiros empresariais, decidirem optar por caminhos de luta aberta, pela via do não diálogo, quer com o Governo quer com a outra parte - ou seja , haverá maiores perspectivas de confronto que de consensualização.
Março 1981