sexta-feira, 6 de maio de 2011

NOTAS POLÍTICAS (67)

Nasci em Angola, vivi em Angola, não esqueço Angola.

Deixei-a há mais de trinta anos, e desde então, o meu reencontro com a “terra – mãe”foi passageiro e superficial.

O que sei de Angola, portanto, não me vem de conhecimento acabado e actual.

Aceitei partilhar a responsabilidade de intervir neste congresso pela simples razão de que o lema do convite que me dirigiram significou para mim uma obrigação indeclinável. Disseram-me apenas isto; “que cada angolano no exterior dê a Angola o que souber e puder, se Angola o quiser, e sem contrapartidas”.
É esta a única razão porque aqui estou, provavelmente, para dizer coisas sem grande utilidade para Angola, mas com a convicção profunda de que cada um e todos os angolanos são parte integrante de Angola.
Nenhum Estado e nenhum Governo do mundo, nenhuma lei dos homens, jamais teve força, em qualquer época da história, para fazer abjurar a “cidadania da alma” de que cada homem se sinta senhor em sua consciência.

Independentemente, pois, dos Estados, dos Governos, das leis e das circunstâncias, sejamos, cada um de nós, um Angolano para Angola.

I Congresso de Quadros Angolanos no Exterior, Lisboa 26 de Abril de 1990