O posicionamento e a estratégia quer do movimento sindical, quer da parte patronal, face à opção “confronto” ou “consenso social” depende de um conjunto de factores e da análise que cada um deles fizer desses mesmos factores.
No fundo, suponho que se trata, realisticamente, de cada lado da barreira social avaliar o contexto político, económico e social em que se situa e de apurar as condições para levar a cabo esta ou aquela linha predominante de estratégia.
Ser-nos-á a nós possível pressentir, ou melhor, caracterizar o modo como o movimento sindical e o lado patronal avaliam a situação e os factores condicionantes de uma estratégia, num contexto de graves dificuldades económicas e sociais?
Penso que isso não só é possível como é indispensável e urgente fazer-se
É evidente que isso exige, para que possa ser feito não só com a objectividade minimamente exigível, como também com a qualidade imperiosamente suposta por tal tipo de análise, o contributo de economistas, de juristas, de sociólogos, em suma de todos quantos se interessam pelo mundo do trabalho e pela vida social, de acordo, evidentemente, com a valência profissional e a experiência de cada um.
Partindo do pressuposto, que me parece irrecuperável, de que o de ataque a uma situação crise exige a adopção de uma política global de natureza económica e social, no âmbito da qual têm de fazer-se opções entre diferentes alternativas, seleccionar-se objectivos prioritários, e conjugar-se medidas que os viabilizem, a primeira questão que levantaria era a de saber se existe, ou não existe, um sistema de participação ou de negociação na definição nesta política global.
Ora bem: penso ser legítima a conclusão de que um sistema mais ou menos desenvolvido de contactos -negociações sobre os grandes temas de política económico – social do País pode facilitar a criação ou de um consenso mínimo (seja ele total ou meramente social) ou, pelo menos, de uma não rejeição frontal e definitiva sobre medidas da política global a adoptar para todo o País
Porto 1982