segunda-feira, 2 de abril de 2012

A”TROIKA NUNCA EXISTIU”



Nascimento Rodrigues, terceiro elemento da “troika” do PSD, tem sido o mais distante e o mais silencioso dos políticos sociais-democratas. Ao contrário do que tem sido escrito, Nascimento Rodrigues recusou participar na redacção da Moção de Estratégia da Comissão Política de que é vice-presidente.
A “troika” não falhou porque como tal nunca existiu – sublinha Nascimento Rodrigues. Assim sendo uma evidência que nunca se pretendeu e não houve nunca três líderes, ou um triunvirato, não é difícil concluir que o tema sirva apenas de pretexto para objectivos políticos que nada têm a ver com ele. Nascimento Rodrigues está cada vez mais distante da actividade partidária. Vai continuar como consultor da OIT. Divide-se a sua profissão entra a Suíça e Guiné- Bissau.

O Jornal- Todos os dirigentes do PSD afirmam que a”troika” falhou como membro deste triunvirato”.

Nascimento Rodrigues - "Primeiro há que contar como surgiu aquilo a que a imprensa chamou “troika”.
Fiz parte de um conjunto de militantes que sentiu a responsabilidade histórica de procurar encontrar uma solução nova e prestigiada para o PSD em vésperas do Congresso de Montechoro, no que foi a sequência dos acontecimentos preocupantes criados pelo ruir da AD, do plano inclinado de desgaste que o partido atravessava com um líder contestado pela maioria dos seus militantes e tudo isso na vizinhança das eleições legislativas de 1983.
Fomos objecto, então, de uma campanha de ridicularização por causa desse esforço. Chamaram-nos o “grupo dos notáveis”, lembra-se? Como acontece tantas vezes em Portugal, o adjectivo era maldoso. “ Notáveis” foram, sim, aqueles dirigentes e responsáveis do PSD que numa hora de tanta gravidade e importância para o partido procuraram destruir, intrigar, confundir ou, comodamente ficarem distantes.
Nenhum de nós propunha e defendia uma solução tripartida. O que se pretendia era, apenas, que Mota Pinto assumisse a liderança do PSD, com a equipa que entendesse escolher. Porque, na altura, a maioria dos militantes queria Mota Pinto a dirigir o partido. E foi isso e só isso que o chamado “grupo dos notáveis” lhe pediu, com todo o empenho e insistência exigidos pela vontade dos militantes e pelas necessidades do PSD.
Nunca houve e não há, pois, “troika” no sentido que muitos lhe atribuem… O que se votou em Montechoro e o sentido político das suas alterações estatutárias foram sempre para mim simples e claros: Nuno Rodrigues dos Santos como presidente respeitado, íntegro, símbolo do PSD. Mota Pinto como líder efectivo. A Comissão Permanente como responsável pela condução corrente dos assuntos partidários, com Vítor Crespo a presidir e a dirigi-la. Com isto não ignoro nem os dois outros vice-presidentes, nem a CPN no seu todo. Mas o eixo fulcral assentava nessa trilogia que referi.
IN “O Jornal” 20 de Janeiro de 1984