quinta-feira, 12 de abril de 2012

FAZ HOJE DOIS ANOS


Faz hoje dois anos que o Pai morreu.
Porque a sua vida foi como Pão que se entrega, quisemos recordá-lo em eucaristia.
Agradecemos a Deus a forma como o Pai estruturou a nossa vida interior; 
Agradecemos a Deus o facto de o Pai nos ter amado de tal forma que hoje confiamos e nos confiamos a Deus;
E agradecemos a Deus que o Pai tenha vivido a sua vida como pão que se reparte em doação.

Por isto, e porque não há morte de que seja fácil falar e viver, usamos estas palavras do Padre Tolentino Mendonça que no seu livro «Pai Nosso que estais na Terra» escreveu assim:

«Todas as vidas são Pão.
Todas as vidas cabem na imagem quotidiana, quase trivial, do pão que se parte e se reparte. Porque as vidas são coisas semeadas, crescidas, maturadas, ceifadas, trituradas, amassadas: são como pão. Porque não apenas degustamos e consumimos o mundo. Dentro de nós, vamos percebendo que o mundo, que o tempo, também nos consome, nos gasta, nos devora. Por boas e por más razões, ninguém permanece inteiro. Somos uma massa que se quebra, um miolo que se esfarela, uma espessura que diminui. Todos nos gastamos, certo. Mas em que comércios? Todos sentimos que a vida se parte. Mas como tornar esse facto trágico numa forma de afirmação fecunda e plena da própria vida? Todas as vidas são Pão. Mas nem todas são eucaristia, isto é, oferta radical de si, entrega doação, serviço. Todas as vidas chegam ao fim, mas nem todas vão até ao fim no parto dessa vitalidade, humana e divina, que trazem inscrita. É destas coisas que a Eucaristia fala. Alimentamo-nos uns dos outros. Somos uns para os outros, na escuta e na palavra, no silêncio e no riso, no dom e no afecto. Um alimento necessário, pois é de vida – e de vida partilhada – que as nossas vidas se alimentam.»