sábado, 28 de abril de 2012

INDEPENDÊNCIA PARTIDÁRIA?


Maio de 1985 – Os partidos movimentam-se na escolha dos candidatos à   Presidência da Republica, (eleições presidenciais de Janeiro de 86). Em cima da mesa dois nomes: Diogo Freitas do Amaral e Mário Soares. Ambos são lançados, pelos respectivos partidos, como “candidatos autónomos” ou “ independentes”.
Em Editorial, no “Povo Livre”, o Henrique comenta, causticamente, a maneira como ambas as candidaturas são apresentadas à opinião pública. 
“O sentido de humor fundado na dialética do ridículo constituem, muitas vezes, a arma mais poderosa e o antídoto mais eficaz que nós, portugueses, usamos para contrapor à onda de inversão de valores e princípios e à avalanche de desatino de ideias e de emaranhado de atitudes que de quando em quando a vida política faz desabar sobre nós. Eles exprimem, ao fim e ao cabo, os sinais de sanidade e as pulsações viris de uma consciência colectiva que permanece desperta e sadiamente refractária às tentativas de manipulação da opinião e de colonização do senso comum. Pena é que essas tentativas ganhem guarida de honra de títulos de caixa alta de alguma imprensa quer estatizada, quer privada, porque, se assim não fora o clima político nacional seria decerto muito mais despoluído
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Já temos, assim, o Prof. Freitas do Amaral, fundador e rosto carismático do CDS, como independente e, pelos vistos, vamos ter o Dr. Mário Soares líder natural do PS e membro proeminente da Internacional Socialista, como candidato autónomo. Por este andar, o Dr. Álvaro Cunhal é capaz de não resistir, e no dobrar da próxima esquina arriscamo-nos a vê-lo jurar, com o apoio do MDP, Verdes, CGTP-IN e Associação dos Pequenos Ceifeiros de Borba, que é um candidato não partidário - e, obviamente, democrata.”
IN “O Povo Livre” Editorial 9 de Maio de 1985