segunda-feira, 30 de abril de 2012

COMO TÉCNICO DA OIT


A 18 de Outubro de 1985 “O Jornal” noticiava:

Nascimento Rodrigues na Guiné Bissau





“Foi no final de Agosto que Nascimento Rodrigues firmou com a OIT um contrato como consultor em legislação laboral na Guiné Bissau. O contrato segue-se a outras missões desempenhadas pelo ex-ministro do Trabalho do I Governo de Pinto Balsemão, na qualidade de perito da OIT, junto dos governos da Guiné Bissau e de S. Tomé e Príncipe. Nascimento Rodrigues estará em Bissau pelo menos um mês. É o único perito português que tem trabalhado com a OIT em matéria de legislação do Trabalho. Trata-se, contudo, de uma colaboração a título pessoal, uma vez que nunca foi enquadrada em qualquer iniciativa do Ministério do Trabalho”.
“ Cá cheguei… bem. A viagem foi boa, mas muito maçadora, porque longa (desde Genebra) e com essa atrapalhação toda da escala em Lisboa. (Foi necessário ir ao aeroporto trocar a mala - receber a mala com roupa de Inverno, e entregar uma mala com roupa de Verão. Tenho  bem presente, ao fim de tantos anos, quão terrível foi o stress deste breve encontro em pleno aeroporto. Depois de quase um mês em Genebra, a que se seguiria mais um mês em Bissau, tanta saudade, tanta coisa para pôr em dia, tão pouco tempo). Felizmente que o funcionário da TAP foi de grande eficiência e simpatia. Tinha à minha espera no aeroporto o Director Geral do Trabalho, em representação da Secretária de Estado, e também o 1º Secretário da nossa Embaixada e o Engenheiro da Cicer (cervejas de cá). Correu tudo sem qualquer problema e com todas as atenções (formais) que são possíveis. Decidi ficar no Hotel até amanhã (2ª feira), pois só então terei a primeira entrevista com a Sec. de Estado e só a partir daí me será possível estar seguro de que terei carro à disposição.
Como eu calculava foi um fim de semana inútil e difícil de passar porque não há nada para fazer. Mas como dizia, se de facto, ficar com o carro à minha disposição, instalar-me-ei então num apartamento da Cicer, que são melhores do que o Hotel por causa da água – luz garantidos. Além disso, só o apartamento do hotel custa 70 dólares (ou seja 12 contos), fora as refeições, o que é muito. Virei então, como tinha pensado, tomar as refeições ao hotel.
O hotel parece-me, no aspecto de alimentação e serviço, francamente melhor. Calcula que tive a surpresa de ter ao pequeno almoço café com leite, manteiga e queijo, e toalhas muito limpa. São portugueses (TAP e Estoril Sol) que exploram o Hotel.
Com as correrias da chegada e da partida, deixei na mala documentação que me é essencial para o trabalho aqui. São documentos da OIT sobre convenções ratificadas pela Guiné e um relatório assinado. Manda-me isso com urgência, pois preciso para o trabalho.
Bissau 17 de Novembro de 1985