sexta-feira, 6 de abril de 2012

O QUE PARECE NÃO É


“O Tempo”- Bem dr. Nascimento Rodrigues, mas que razões mais concretas aponta contra o Congresso dos TSD? E porque só agora o faz?

Nascimento Rodrigues -“ Não, já disse que não estou contra a ideia da realização de um congresso democrático de todos os trabalhadores sociais-democratas que pudessem superar a divisão, a sangria de esforços e os conflitos pessoais entre trabalhadores sociais-democratas. Todos os militantes do PSD o desejam. O ideal seria o reencontro numa estrutura única com finalidades sindicais e laborais, no seio da qual se confrontassem leal e democraticamente as divergências quanto a objectivos, estratégias, táticas e preferências de liderança. Mas essa não pode com tal finalidade, ser uma estrutura do próprio PSD. Aí é que está o fulcro da questão. As coisas são simples: não pode haver identificação entre funções partidárias e funções sindicais. Partidos políticos são uma coisa, organizações sindicais são outra. Esta é uma aquisição consumada do pensamento democrático e uma herança irrenunciável da marcha de emancipação histórica dos trabalhadores, na liberdade, na independência e na responsabilidade.
Não é exacto que só agora me pronuncie sobre este assunto. Na Comissão Política Nacional disse, oportunamente, qual a minha posição e que atitude me reservava o direito de tomar caso o partido consentisse na criação de uma estrutura partidária com finalidades sindicais. E também em entrevista ao “Povo Livre” de 14 de Setembro último referi-me ao assunto de modo a não deixar margem a dúvidas. É certo que fiz tudo isso no interior do partido, como tem sido a linha da minha conduta.
Como vice-presidente do PSD desde 1980, sempre entendi que tais funções me impunham uma estrita e autêntica isenção face às controvérsias e lutas que se foram avolumando entre as duas estruturas de trabalhadores sociais-democratas. Porque sou originário de uma delas, a TESIRESD, maior a obrigação que senti de não interferir. Tenho a consciência tranquila a esse respeito. Neste momento, eleitos que estão os delegados ao Congresso dos TSD, conhecidas e discutidas em reuniões preparatórias as moções, já assumidas decerto as preferências dos próprios participantes ao Congresso, seria ridículo considerar-se como interferente nesta altura a expressão pública da minha opinião.”
IN “ O Tempo” 5 de Janeiro de 1984