sexta-feira, 2 de novembro de 2012

ASSIM SONHEI ANGOLA


Escrito pelo Henrique, em 1958. Tinha 17 anos. Frequentava o 1º ano da Faculdade de Direito da Universidade Clássica em Lisboa. Sonhava com uma Angola, livre, independente para poder crescer, mas mantendo a sua ligação umbilical a Portugual.

VINDE!

Vinde olhar o milho dos campos
o trigo das searas loiras;
mirai o café,
o cacau e a borracha,
o gengibre e a ginguba,
o rícino,
o sisal e o tabaco,
o coração da terra
que desabrocha em flor para o futuro;
reparai nas gentes;
escutai o chiar das noras,
o mugir dos bois nos campos arroteados,
o cântico dos cavadores
no botar e colher das sementeiras;
atentai bem no pequeno e no grande,
no mau e no bom.
VINDE!
Cidades se erguem na lonjura dos horizontes
estradas vêm correndo
como fitas brancas na verdura do solo.
Represas e barragens
se quedam
através da torrente caudalosa dos grandes rios
Vereis,
Angola crescida e gigantesca
a confirmar
de forma inequívoca
como o génio da Raça criou e moldou
a terra mais bela 
das terras em que a Raça trilhou.

Lisboa 1958