segunda-feira, 12 de novembro de 2012

VERDADES INCÓMODAS



Este texto, que, o Henrique escreveu, algures no tempo, provavelmente década de 80 ou década de 90, é intemporal. Poderia ter sido escrito hoje, dia em que passam  31 meses após a sua morte. Não conseguimos homenageá-lo doutra maneira, a não ser lembrando o seu pensamento social, genuíno e solidário.  

O desemprego representa um desperdício dos recursos humanos de um País, afronta a dignidade pessoal de cada homem, é uma limitação da liberdade individual e corrói, a prazo, a ossatura social da comunidade que somos todos nós.

O problema do desemprego, exige uma mudança individual e social. E esta implica o desafio de reconciliar o Estado e o cidadão, o económico e o social, o mercado e o trabalho, o ambiente e a terra, os valores de identidade histórica e a descoberta de direitos e deveres novos que recoloquem o homem como pólo de identidade e de realização de si próprio e dos outros.
Eis-nos defrontados com o nó górdio de produzir uma mudança cultural. Sem esta não haverá solidariedade social no respeito pela liberdade. Nesta co-responsabilização de todos está a chave do sucesso deste enorme desafio. Porque é essa responsabilidade individual e solidária o húmus da coesão nacional
Mas os postos de trabalho devem ser produtivos, devem constituir um factor de desenvolvimento económico e não um bloqueamento.
É uma ilusão, que se vira contra os próprios trabalhadores, pretender a segurança à custa de soluções artificiais, que nada mais representam do que a agonia conducente ao desemprego.
Nós somos – nós temos de ser – solidários com todos aqueles que em vão procuram um trabalho digno, e com todos aqueles que preocupadamente sentem hoje a fragilidade dos seus postos de trabalho.
 Tem de haver um «amanhã» melhor para esses homens, mulheres, esses jovens.
 Porque eles são um potencial humano capaz de impulsionar o País, na força desesperada dos que por não terem trabalho, sentem incisivamente o valor desse mesmo trabalho.
 E também, e sobretudo, porque nunca haverá justiça onde grassar o desemprego.