Olharei para as estrelas hoje para te tentar encontrar nelas. Encontrar os teus olhos brilhantes que, espero, pousem em mim nos anos vindouros. Passou um ano desde que seguiste outro caminho, um que não podemos seguir contigo, e, passado esse mesmo ano escrevo-te e conto-te aquilo que, por pena minha, não pudeste presenciar. Gostava que cá pudesses estar para me veres fazer dezoito anos, de te fazer orgulhoso, tão orgulhoso quão orgulhosa sou em ser tua neta, por te ter tido na minha vida. Não há dúvidas que sinto a tua falta, do cheiro do tabaco na tua roupa, do teu rosto enrugado de sabedoria e conhecimento que gostaria de ter partilhado contigo. Sinto saudades desses olhos cansados de batalhar pelo bem - estar dos outros, e se há algo de que mais sinta saudades é do teu toque, do teu suave toque que me acalma e aquece. Quero poder reencontrar o teu colo e aninhar-me nele, adormecer nele, quero ser embalada até sentir o conforto e a segurança que sempre me transmitiste, a sensação familiar que só tu és capaz de me transmitir. Hoje quando vir as estrelas, vou reencontrar essa sensação familiar e guardá-la mesmo aqui, no meu coração
Lisboa 12 de Abril de 2011 Catarina