quinta-feira, 14 de abril de 2011

PEQUENAS ESTÓRIAS (NOTÍCIAS DA GUARDA)

É da Guarda, do Café Mondego, ponto de reunião dos estudantes de cá, que te escrevo estas linhas, sob um frio horrível, que me faz bater os dentes. Morreria se cá estivesse mais dias. Concordo em absoluto que o frio faz bem, mas não consigo suportá-lo. Inconvenientes de se ter sangue quente… Acho a Guarda uma cidade muitíssimo pitoresca, pois, até hoje ainda não vira nada no género. Estas ruas, estas casas, esta gente, tudo isto é engraçado e crê que não minto ao dizer que gosto. Gosto… mas só para ver e passar aqui dois dias; mais, nunca! Seria incapaz de me adaptar a este modo de vida. As casas são muito típicas, mas palavra de honra que não sei como há gente que consegue viver nelas. Mas ainda assim, achei tudo isto digno de se ver. Não sei como te explicar o que sinto por estas terras. O meu companheiro de viagem, veio-me dando uma explicação acerca das terras e das gentes das regiões que percorri: partes do Ribatejo, Estremadura, Beira Baixa e Beira Alta, É fantástico como não se encontra um palmo de terra por cultivar, nem um único quilómetro que esteja por povoar! Tudo aproveitado ao máximo, tudo cheio de aldeias, que a terra é pequena e não dá para tanta gente. E lembrar-me eu que, em Angola, há milhas e milhas sem uma casa, campos virgens que tanto rendimento ofereciam, se explorados! Aqui da Guarda, desfrutam-se uns horizontes maravilhosos. Não sei porquê, mas isto faz-me lembrar Sá da Bandeira! Não a cidade, que é muito diferente, mas os campos e sobretudo as serras que eu avisto. Até o próprio modo das pessoas é mais natural e singelo. Decididamente prefiro o campo à cidade. Aqui vim encontrar um pouco do modo de ser franco e rude de Angola, um pouco de franqueza e amizade. Só não gosto é do frio…Brrr!




Páscoa de 1958