A autonomia é igualmente reclamada por outro tipo de sindicalismo que, mantendo íntegra a concepção de um não relacionamento orgânico com os partidos políticos, não enjeita, bem pelo contrário, atribui-se a si próprio o papel e o estatuto de agentes fundamentais de transformação social, ao lado das organizações partidárias e de outras forças sociais.
Para esta concepção, o sindicalismo desenvolve uma acção que é complementar da acção política que visa igualmente a modificação do sistema.
Sindicato e partido devem estar conscientes de que não pode haver transformação socialista da sociedade se não houver convergência, de uma forma ou de outra, entre sindicato e partidos da mesma zona ideológica.
O problema põem-se apenas ao nível de se saber que tipo de convergência deve ser essa, como deve manifestar-se, sem perigo para a independência recíproca de ambas as organizações.
Esta concepção, ao invés da que referi imediatamente antes, recusa a ideia de que deve existir uma divisão de trabalho ou tarefas entre o sindicalismo e as organizações partidárias. Mas há diferença de papéis e não deve haver uma unicidade na acção. Não existem domínios ou zonas reservadas a um e outro, em contrapartida cada um parte de ópticas diferentes para abordar as mesmas questões.
Como?
A organização sindical organiza os trabalhadores, põe o acento tónico na situação de exploração capitalista de relações de produção, logo nada interdita que, a partir deste ponto de vista, se ocupe de tudo o que respeita aos trabalhadores e tenha influência na sua própria existência.
A organização sindical organiza os trabalhadores, põe o acento tónico na situação de exploração capitalista de relações de produção, logo nada interdita que, a partir deste ponto de vista, se ocupe de tudo o que respeita aos trabalhadores e tenha influência na sua própria existência.
O sistema capitalista forma um conjunto que não pode ser atacado apenas de uma perspectiva ou apenas em certas áreas se o queremos substituir por outro sistema.
É com base nesta constatação da experiência que se legitima a criação e a defesa de um projecto sindical de sociedade.
Este projecto não pretende ser único, ele suscita o confronto com outros projectos, nomeadamente os partidários. O partido político encara a realidade de outro ângulo, que é o da sociedade global e do Estado. O seu objectivo é o da conquista do poder político, logo visa gerir a sociedade, através da conquista das instituições políticas e do Estado.
Ora o sindicato não tem esse objectivo, não pode haver aqui confusão de funções.
O sindicato situa a sua acção e o seu projecto numa lógica do desejável, tal como pode ser definida a dado momento pelo conjunto dos trabalhadores. Em contrapartida, o partido defronta-se com a lógica do possível, visto que deve gerir e transformar as estruturas políticas.
O sindicato situa a sua acção e o seu projecto numa lógica do desejável, tal como pode ser definida a dado momento pelo conjunto dos trabalhadores. Em contrapartida, o partido defronta-se com a lógica do possível, visto que deve gerir e transformar as estruturas políticas.
Daqui decorre uma certa tensão entre os dois tipos de organização e as respectivas acções. Mas deve procurar-se a convergência na independência para que possa haver efectiva transformação da sociedade. Isto supõe condições
A primeira, é a de que a própria organização sindical deve estar dotada dos meios, dos instrumentos, para analisar a experiência vivida pelos trabalhadores, recortar dela todas as implicações e extrair-lhe as consequências. Isto supõe a necessidade de a organização sindical se situar por si própria na realidade social, de a analisar com os seus próprios olhos, em suma, de reflectir e de formular com autonomia o seu próprio projecto.
Em segundo lugar, é necessário que esta autonomia de pensamento sindical seja suportada por exigências elevadas de formação dos militantes sindicais e que esta formação seja concepcionada e realizada fora do quadro dos dogmatismos ideológicos existentes.
Em terceiro lugar, e como consequência, a estratégia sindical é autónoma da estratégia partidária e recusa-se designadamente, a inscrever a acção sindical no quadro de preparação de modificações por via eleitoral.
A primeira, é a de que a própria organização sindical deve estar dotada dos meios, dos instrumentos, para analisar a experiência vivida pelos trabalhadores, recortar dela todas as implicações e extrair-lhe as consequências. Isto supõe a necessidade de a organização sindical se situar por si própria na realidade social, de a analisar com os seus próprios olhos, em suma, de reflectir e de formular com autonomia o seu próprio projecto.
Em segundo lugar, é necessário que esta autonomia de pensamento sindical seja suportada por exigências elevadas de formação dos militantes sindicais e que esta formação seja concepcionada e realizada fora do quadro dos dogmatismos ideológicos existentes.
Em terceiro lugar, e como consequência, a estratégia sindical é autónoma da estratégia partidária e recusa-se designadamente, a inscrever a acção sindical no quadro de preparação de modificações por via eleitoral.
Daí o acento tónico nas lutas sociais como lutas de significado político, como instrumento de modificação da sociedade e a recusa de ir a reboque dos partidos.
Manuscrito 1976/77