domingo, 10 de abril de 2011

QUANDO EU MORRER

Quando eu morrer

não me dêem rosas

mas ventos.

Quero as ânsias do mar,

quero beber a espuma branca

duma onda a quebrar

e vogar.

Ah, a rosa dos ventos

a correrem na ponta dos meus dedos

a correrem, a correrem sem parar.

Onda sobre onda infinita como o mar

como o mar inquieto

num jeitode nunca mais parar.

Por isso eu quero o mar.

Morrer, ficar quieto,

não.

Oh, sentir sempre no peito

o tumulto do mundo

da vida e de mim.

E eu e o mundo.

E a vida.

Oh mar,

o meu coraçãofica para ti.

Para ter a ilusão

de nunca mais parar.


(Poesias, 1961)


Alexandre Dáskalos, (Poeta Angolano)