quarta-feira, 20 de abril de 2011

VOTAR CONSCIENTEMENTE

Não tenho legitimidade para dar conselhos a ninguém.

Mas se me é permitida uma simples opinião, e não mais do que isso, avançaria com uma ou duas reflexões.
Em 1º lugar, eu diria que talvez seja possível – não estou certo, e apenas admito – operar uma distinção, apenas distinção, entre o nível a que se coloca a nossa intervenção democrática como cidadãos do País, designadamente nos actos eleitorais, e o nível a que se coloca a nossa intervenção democrática como trabalhadores, filiados num determinado sindicato, pertencente a uma dada empresa ou sector de actividade nos quais brota uma luta sindical com reflexos na acção governamental. Por outras palavras, isto significa o seguinte: como cidadão, o meu voto realiza uma determinada preferência entre opções globais de política que me são postas pelos partidos concorrentes às eleições.

E esta opção global tem a ver não apenas com o modo concreto como foi tratada a minha situação de trabalhador na empresa A ou B mas também com o juízo que eu faço sobre todas as dimensões assumidas por uma dada política governamental e pelos políticos que a suportam.

Ora essas dimensões colocam-se ao nível global do País, têm a ver com todas as camadas da população, e não respeitam, até exclusivamente à política interna mas também à própria política externa do País.

E é por esta avaliação global da política do Governo que provavelmente se determinará o voto de cada um como cidadão.

Ora, isto é certamente diferente da opção assumida pela participação numa data luta laboral, ainda que com projecções políticas, e projecções políticas negativas para o “meu governo”, seja decidida pelos trabalhadores, sem interferências a eles estranhas, isto é sem obedecer a uma estratégia partidária, não vejo que aí se possa colocar problema de consciência e de opção.

A opção é então puramente sindical e como tal deve ser assumida, porque é da essência do sindicalismo a defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores.

Manuscrito 1976/77?