segunda-feira, 4 de abril de 2011

MUÂNA

Hoje encontrei um velho amigo de Angola. Há mais de cinco anos que o não via e não calculas quanto tempo estivemos a conversar. Sabes o que me disse ao despedir-se? “ Quem o vê hoje, nota uma diferença fantástica em si; mas quem o ouve falar, parece que o está a ouvir anos atrás”. Fiquei satisfeitíssimo, nem calculas. Por mais que me queiram desenganar, a gente de Angola é muito diferente da de cá! E o pior é que continuo a ser para eles o mesmo de há anos. É um absurdo palavra. Comecei a escrever de novo o meu livro. A este não faço o que fiz ao outro. Hei-de publicá-lo, com mais ou menos alterações, mas ele há-de ser o meu 1º livro, porque foi escrito aos 18 anos. E eu acredito tanto nesta idade, que mais de um facto a há-de relembrar pela vida fora. Sabes como “baptizei” o livro? – “MUÂNA”! Bem, dois motivos me levaram a pôr-lhe esse nome. Primeiro, porque Muâna, logo se vê, é um nome gentílico e os temas serão, na maioria, sobre Angola. Depois, porque “Muâna”para os Luenas ( e eu nasci em terra de Luenas!) quer dizer “criança”. Criança é sinónimo de sonho, de esperança, de entusiasmo. O maior erro do Homem é amordaçar a esperança que vivia em si quando criança. Portanto … muâna é muâna, e eu sou muâna e eu tenho fé. E sorrio! Sorrio porque, para além dos sonhos dos meus 18 anos, eu sei muito bem o que quero e para onde vou. Sorrio perante a antevisão do meu futuro, da minha própria verdade, que há-de ser tão nobre e tão grande que os surdos a hão-de ouvir e os cegos ver!!!




Lisboa Agosto de 1958