sexta-feira, 13 de julho de 2012

É PRECISO IR MAIS ALÉM


A 5 de Fevereiro, reúne pela terceira vez, em Lisboa, o Plenário do CES, dirigido agora pelo 1º Ministro Cavaco Silva, que, “efectuou uma exposição sobre a conferência de Edimburgo”, na sequência da ratificação do Tratado da União Europeia. Alguma comunicação social designou este plenário pelo nome de “Conselho dos Suspiros”, e justificava:
“ A obtenção de um largo consenso social, uma das tarefas importantes deste Governo, veio suportar a formação do CES. Mas, infelizmente, as coisas não têm corrido como era  esperado e apesar da fase inicial ser sempre complicada, depois do terceiro plenário, alguns membros suspiram e continuam na mesma”.
IN “Dinheiro” 12 de Fevereiro de 1993
(…)“O contributo de solidariedade que a Europa Comunitária nos tem prestado já obteve resposta no desempenho globalmente sério, empenhado e eficaz do nosso País, e teve contrapartida no suor de milhares de portugueses  emigrados que ajudaram a forjar parte do seu crescimento económico e continuam, hoje, fora da Europa, a espelhar os valores da civilização humanística e do espírito de convivialidade de que justamente se reclama.
Não escondemos, portanto, que precisamos desta Europa solidária e multifacetada. Não escondemos que a União Europeia vem proporcionar oportunidades incalculáveis. Mas o repto de as saber utilizar é sobre nós, portugueses, que exclusivamente recai. Julgo que devemos compreender, por isso, que os apoios financeiros da Comunidade – que vão chegar, não obstante as lamúrias agoirentas dos eternos “velhos do Restelo”, a que estamos habituados – são apenas uma, e só uma, das condições para o Progresso e para a Justiça no nosso País. Disse, (e sublinho), uma das condições. Jamais os fundos comunitários serão uma solução. Porque a solução para o nosso desenvolvimento tem de ser, essencialmente, endógena. Este desafio não impende apenas sobre o Governo e as forças políticas do nosso País. (…). É preciso ir mais além. É preciso que a sociedade civil seja cada vez mais chamada a discutir as opções, cada vez mais envolvida e participante nas estratégias de desenvolvimento, cada vez mais actuante como tecido de irrigação de um progresso em harmonia”…

Excerto do discurso proferido pelo Henrique no 3º Plenário do CES. Lisboa 5 de Fevereiro de 1993