terça-feira, 17 de julho de 2012

O HENRIQUE E O CES


 Com vimos, o Henrique foi o primeiro Presidente do recém criado CES, ainda sem instalações próprias. Tudo tinha que ser construído de raiz. Sentia-se “um pioneiro”, no arranque da actividade do Conselho, e na caminhada da Instituição. Afirmou querer deixar marcas que fossem decisivas para o futuro desse órgão.
Como foi reconhecido por ocasião do vigésimo aniversário do CES o Henrique marcou este Conselho “de forma muito profunda”. A ele se deve a definição de objectivos estratégicos do Conselho Económico e Social e o modo como as dinamizou, incluindo as relações do CES com instituições estrangeiras congéneres e na cooperação para a criação de organizações de concertação social nos países africanos lusófonos”.

“ As autoridades são tomenses e o Ministério do Emprego e Segurança Social vão realizar acções conjuntas visando a criação de um conselho de concertação social em São Tomé e Príncipe, segundo a Lusa. Para o efeito realizou-se ontem um seminário – que marca o início das acções de formação de técnicos são - tomenses  -  com a participação de Nascimento Rodrigues, presidente do Conselho Económico e Social português” .
In “ Diário de Notícias 7 de Março de 1995

O Henrique tinha, como ele próprio disse, por razões de independência, de isenção e rigor ético, uma visão não presidencialista deste órgão de Estado. Ser o Presidente a tomar sozinho o direito de iniciativa corresponderia, no seu entender, a uma “presidencialização” deste Conselho ou o monopólio do CES através do seu presidente, o que considerava antidemocrático. (Ver o nosso post – O Homem dos bons ofícios).
Para o Henrique sempre foi claro que o Presidente do CES não era parte das negociações. Esta convicção, de que não lhe seria lícito interferir ou ingerir-se nas negociações sociais tripartidas, traduziria uma interpretação própria acerca do papel de quem, na Comissão Permanente de Concertação Social “ não detém o estatuto de parte nuclear, não negoceia e não pode decidir, mas não deve ser indiferente, não pode ser insensível e não lhe é legítimo escusar-se a uma cooperação solicitada”.
Entendia o CES como um elo de ligação entre o Estado e a Sociedade Civil. Considerou que como primeiro Presidente eleito pelo Parlamento tinha duas missões: uma interna que seria a de reforçar, por um lado, a concertação social, e por outro, reforçar um intercâmbio político, económico e social. A outra missão, externa, seria a de situar o CES de Portugal no espaço internacional.
“CES reúnem em Lisboa congresso mundial – Os Conselhos Económico e Sociais (CES), estruturas estatais existentes nos países mais desenvolvidos do mundo ocidental (à excepção dos EUA e da Grã-Bretanha) vão reunir em Lisboa, em 1995, o seu IV Encontro  Internacional. Maio é o mês previsto. A  candidatura de Portugal foi votada por unanimidade na conferência reunida este ano em Ougadougou, no Burkina- Faso. Nascimento Rodrigues, o anfitrião, presidente do CES português, classifica o evento de “extremamente importante” uma vez que trará a Lisboa “ as terceiras ou quartas figuras da hierarquia dos Estados representados”.
In “Expresso” 24 de Julho 1993
Veremos através dos seus textos a concretização das missões a que se propôs.