sexta-feira, 18 de março de 2011

Para os Ouvidores do Kimbo

Este artigo foi publicado num jornal regional de Famalicão dias depois de 12 de Abril de 2010 e é da autoria da Professora Edna Cardoso. Diz o seguinte:

…".Significa um tributo, reconheço que humilde, a uma personalidade da vida publica nacional que acaba de nos deixar.
A quem, a primeira imagem que conservo na memória está associada ao seu relacionamento com o mundo do trabalho e com o movimento sindical que foram, são, para mim uma das minhas paixões. Segmentos do modelo de um estado democrático que o Dr. Nascimento Rodrigues corporizou e onde interveio de forma exemplar e impoluta.
Eram tempos muito difíceis mas em que, com seriedade, se procuravam soluções. Eram tempos em que interesses pessoais ou corporativos ocultados por entre manto de espessa neblina não tinham lugar à mesa.

Soube-o, mais tarde, militante do PSD integrando a sua ala esquerda.
Um social-democrata de raiz. Uma das muitas figuras que à medida que vão desaparecendo vão deixando que o PSD se torne num partido cada vez mais incaracterístico. Cada vez menos social-democrata.
“O Ouvidor do Kimbo” é um titulo de simbiose, pois advém quer de Portugal, que é a minha Pátria, quer de Angola que é a minha Terra. Pretende ser um blogue de memórias e de saudades, de poesia, de estórias e de comentários políticos, os melhores para a gente rir…”
Foi por este meio, a blogosfera, que o Dr. Nascimento Rodrigues manifestou a gratidão aos dois países, a Angola onde nasceu e a Portugal que o acolheu. Nunca esquecendo pelo meio a política..
Essa Angola onde os olhos se espraiam num mar multicolorido. Onde se respira o ar da anhara… do deserto… da floresta… Onde se inala o aroma da flor do café…da acácia rubra…da rosa de porcelana mesmo que o não tenham. Onde o sol ao pôr-se por trás do morro do Sombreiro ou das palmeiras da Ilha do Mussulo oferece um espectáculo natural único no mundo. Onde o Zaire… o Quanza…o Cunene…o Cuando… o Catumbela… Imensos em seu leito cristalino, correm serenos a abraçar o Atlântico.
Quem sabe, se nessa viagem de onde não se regressa, o Dr. Nascimento Rodrigues terá a oportunidade que lhe faltou para regressar aos Luchazes das suas origens e seu berço. Ali mesmo encostado ao planalto do Bié onde eu nasci.
Por aqui me fico por hora… Terminando com um provérbio que o Dr. Nascimento Rodrigues qualificou de provérbio saloio.” Se não gostas do que lês, pois não leias”… Um louvor à liberdade."

Publicado em “O Povo Famalicence” pag 6 (20 a 28 de Abril de 2010)