E daqui derivam consequências importantes nomeadamente no domínio da concepção do papel ou do estatuto que o movimento sindical se atribui a si próprio.
Se outrora as despesas públicas correspondiam à necessidade do Estado fazer face à obrigação de assegurar um mínimo de serviços públicos, hoje em dia as despesas públicas são também em certa medida, despesas de investimento, e não apenas do sector público, mas também no sector privado através da via das subvenções ou facilidades financeiras e fiscais a empresas privadas e estas despesas podem inscrever-se num plano económico nacional.
Perante este tipo de Estado moderno, face a tais atribuições e a tais responsabilidades económicas e sociais, o sindicalismo não pode ficar neutro ou manter-se passivo.
Por isso, as organizações sindicais são arrastadas a precisar as suas concepções e a formular as suas preposições com base nos seus projectos, do ponto de vista das classes trabalhadoras e com o objectivo dominante da defesa dos seus interesses por forma a poderem dar resposta aos problemas da actualidade.
O sindicalismo actual encontra-se assim face à necessidade inafastável de uma intervenção na vida política.
As expressões tradicionais de “não fazemos política” ou “ deixar a política à porta de entrada da sede do sindicato” têm de ser, assim, reformuladas, em ordem a ganharem um sentido diferente do sentido histórico, que era o do afastamento entre Estado e sindicatos, e entre Estado e partidos políticos.
Manuscrito 1981