sábado, 19 de março de 2011

VIAJANTE

Terra minha de saudade longe
de trazer cá dentro como uma fé
ou até como uma secreta dor...
Langor com gosto de café
tambor que mão de ritmo tange
fumo de unguiriti na tardinha
da sanzala embrulhada no poente.
Rumores de Luanda, Lubango, Benguela
e sobretudo saudades dela.
Às vezes quando ando por fora
e me perguntam donde venho
vem uma saudade bem fininha
me pôr facas nessa hora…
Chega-me uma infinita mágoa
a encher meus olhos de água
fico triste e cheio de desgosto
porque afinal penso que queria
que estivesse marcado no meu rosto
Como, a marca de água num papel
marcada a mágoa em minha pele…
Terra minha de saudades longe…
fico com raiva de seres assim
tão atrasada e sem gente
tão pobre e cheia de riquezas
tão triste que tuas tristezas
de uma maneira pungente
vêm morar dentro de mim
Terra minha de saudades longe…
ardendo o rubro fogo das queimadas
no escuro das noites estreladas
Floresta e deserto certeza de futuro
no presente incerto.
terra minha de saudades longe
de trazer dentro do coração
como uma prece… ou uma maldição


Poesia de Albano Neves e Sousa (1961)