domingo, 13 de março de 2011

Sindicatos e Partidos Políticos (4)

A luta laboral não se trava hoje apenas entre o patronato e os sindicatos, isto é, a luta reivindicativa não se joga apenas a dois, - organizações patronais e sindicais -, visto que, directa ou indirectamente, o Estado está presente e pesa, embora de maneiras diferentes na solução dos problemas.

É impossível negar que hoje a acção do sindicalismo é política, ou tem grandes repercussões políticas, mas até onde deve ir essa evolução por forma a que ela não altere a fisionomia do sindicalismo como movimento autónomo?

É que a irrupção do sindicalismo na política tem outras consequências. A partir do momento em que as sociedades actuais são sociedades em que o poder político corporizado no Estado e no seu aparelho atribui a este acrescidas responsabilidades no domínio económico e social, a questão das relações entre partidos e sindicatos torna-se uma questão central. O sindicalismo pode desinteressar-se dos programas, da política e do comportamento dos partidos políticos?
Quais são as possibilidades de não inquinar esse nexo de relação, dito por outras palavras, quais são as condições para que a luta sindical seja autónoma, logo, não conduzida indirectamente e/ou não apropriável pelos partidos políticos?
É necessário que haja, para esse efeito, um não relacionamento entre sindicatos e partidos políticos? Ou pode haver relacionamento, mas, então, em que termos?
1981, Manuscrito