A minha vida é como este blogue. Revejo atentamente cada página. Olho para ela.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Este Blogue
A minha vida é como este blogue. Revejo atentamente cada página. Olho para ela.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
A morte é um mistério inquietante
E havemos de nos reencontrar.
Sofia Nascimento Rodrigues
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Dia 27 Noticiário da SIC
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Em memória do nosso Pai, neste final de 2010.
Tenho defendido um projecto de democracia política, económica, social e cultural para o nosso País.
A regulamentação das relações laborais tem de ser realista, e não seria realista supor-se que se pode alterar uma matéria sem a enquadrar no conjunto de factores que a condicionam e que ela própria condiciona.
Lisboa 1981
sábado, 25 de dezembro de 2010
Natal 2010
Um Natal que tranquilamente nos suporta a alma,
nos embala a vida e estreita um pouco mais os laços.
Especialmente porque a tua presença esteve em cada canto,
em cada sorriso, em cada luminosidade.
Lá estiveste e sempre estarás, pai.
Feliz Natal
Editado por Ana Nascimento Rodrigues no blogue Espanta-espiritos
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Hoje é dia 24 de Dezembro

Recebemos hoje uma fotografia enviada por um amigo e ex colaborador do Henrique. Fica no Blogue porque representa o espírito com que vivemos este dia: Agradecimento, Amor, Partilha. O Henrique, como sempre, é o cimento de uma comunhão de afectos que nos mantem vivos.
A fotografia que o Dr. Miguel Coelho nos enviou, representa a outra dimensão dessa comunhão de afectos - a da sua vida de trabalho onde também tinha uma família.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Natal do Meu Sertão - 1

Era a festança moldada de antemão, matutados os preparos a um ror do dia em causa. Que não falta material lá na planura distante, onde só desce avião uma vez por semana…
Nós, os angolanos nados, não temos tradições especiais a respeitar neste quadrante salvo as que advêm do uso universal. Mas não assim quem, nascido no”Puto” se atirou aos trópicos no ganho da vida. Não admira, por isso, que cada casa porfie no arranjo à moda do seu torrão – quando não estão olvidadas pelo tempo as praxes do lar natal…
Natal do Meu Sertão – 2

No geral, é a árvore, ajoujada de bolas e penduricalhos afins, o símbolo mais trabalhado e o que se percebe em maior número. Reminiscência pagã, o certo é que a árvore de Natal penetrou fundo no sertão e é agora rotineiro encontrarmo-la a um canto da sala rebrilhando à luz de velas ou de lâmpadas multicolores algumas mesmo, verdadeiros cachos de fantasia sobre o alcatrão do negrume.

Mas o presépio tem também seu reino.
É nos pratos de mesa e seus complementos, porém, que de lar para lar são mais notórias as diferenças. E isto porque o minhoto não recua com o arroz de polvo, o lisboeta torce pelo bacalhau babado de azeite e o algarvio não dispensa a sua lampreia de ovos, os figos e os condimentos usuais da terra das amendoeiras. Vai daí, a existência dos cambiantes aludidos, quando se topam as mesas vestidas das melhores toalhas e a refulgir de candelabros.
É provável que o significado transcendental do festejo não tenha entrado lucidamente na mor parte da cachimónia do preto não civilizado. Tal não é impedimento. Semanas antes da grande noite, já eles andam com a lição decorada e, “Boas Festas patlão”, ai do que não corresponder com a respectiva gorjeta ou o garrafão de tinto. Iguaizinhos na pedinchice aos carteiros da Metrópole…
Natal do Meu Sertão - 3

Lá, onde a neve não tomba e o vento não uiva como matilha, a noite, amena, sente ressoar os magotes de gente que acorrem ao dlim-dlão da sinalhada. Vêm pelo escuro que a iluminação pública não cabe no orçamento camarário: e um a um, depois cada qual fura o seu poiso, a fatiota a tresandar à naftalina do baú e a carantonha impante do porte teso.
Ita missa est, salva-se o menino com o beija-pé, ao rés do presépio erguido na nave central. Estoiram conversadas, então, no adro. Badalam os sinos das torres e ao longo dos passeios o retorno ao casario é apressado e buliçoso. Já no quente do lar, passarinha pelos quatro cantos o bafo dos fritos. Adrega, por vezes de se juntarem famílias. E a

Só a entendemos quando sucede, também, faltar-nos o espaço aberto dessas lonjuras tropicais…
Mas o odor das farturas e o tostado da broa tornam os espíritos à realidade. Toca de apertar à roda da mesa. E surge o arroz de polvo. Travessas grandes, a abarrotar. Desentaramelam-se as línguas. Transbordam os copos. Há gargalhadas ao burlesco dos sucedidos. Alegria. E franqueza a soltar-se dos olhares, e amizade a perceber-se nos abraços. Somem-se os empadões. Renovam-se as doses. Vá de se fartar o bandulho! E sobre o rum-rum da festarola, essa noite angolana, profundamente negra e sossegada…
…Inverno, friorento e choramingas, já arribou a esta parte. Veio agreste, de chuvaria a rebentar em cambulhada e ventana a zunir que nem foguete. Comprime-se a gente no Chiado, calos doridos das pisadelas corpo amassado dos encontrões. Não se lobriga espaço num eléctrico, tão apinhados que nem agulha lá cabia. E é um dó de alma o meu guarda-chuva, esfanicado sob a tormenta – Oh, calmos Natais do meu sertão!...
Henrique Nascimento Rodrigues
Publicado a 25 de Dezembro de 1959 num jornal diário em Lisboa
sábado, 18 de dezembro de 2010
“Crónica do Natal”-1

José e Maria estão sós na pequena gruta rochosa, aguardando confiantes e comovidos.
Uma estranha quietude assola o refúgio sagrado, transbordando paz e sossego pelas redondezas, pelos solitários caminhos da Judeia, alcançando-se até longe, num manto de pureza e castidade.
Miríades de estrelas fulgentes cintilam no firmamento escurecido, derramando do alto uma profunda e consoladora serenidade, impregnada de odores quentes de amor.
De longínquas terras desconhecidas vêm cavalgando camelos, três poderosos reis do oriente, para adorar o Messias, enquanto guia invisível lhes aponta o caminho a percorrer.
Acocorados junto às fogueiras, os pastores cabeceiam de sono, a fonte cansada apoiada ao cajado de madeira; ao lado em requebros de harmonia graciosa as chamas alteiam-se no escuro da noite, bruxuleando em paradas garridas.
Eis que no silêncio do ambiente se eleva um coro divinal, enquanto a voz misteriosa do arcanjo se faz ouvir para anunciar o nascimento do filho de Deus: “Alegrai-vos porque na cidade de David nasceu o Salvador”. E, assombrados, tiritando de frio, os pastores se ergueram do chão, rumo à estrebaria, que fora o rendado berço do menino - Deus.
Por sobre a terra adormecida um cântico maravilhoso de graças e louvores se espalha levando às almas atribuladas a doce esperança há tanto desejada. E já no estábulo, escondido entre as palhas duma mísera manjedoura, está deitado Cristo, pobre e humilde, carinhosamente acalentado pelo bafo do boi e do jumento, eternas testemunhas da mais sublime virtude.
Foi assim há quase dois milénios….
“Crónica de Natal” – 2

O mundo inquieto e desmedidamente louco, esqueceu o que Ele lhe houvera ensinado, para se embrenhar em guerras sangrentas, que desagregam lares e tingem a terra de sangue inocente. E é a criancinha ingénua que, chamando pelo pai ausente pede a paz para o mundo;
é a esposa pelo marido, a irmã pelo irmão e a noiva pelo noivo, um conjunto de vozes aflitivas orando por sossego.
A nós, jovens de hoje, homens de amanhã compete-nos realizar o impossível, se necessário for, para que a paz ao mundo volte. É preciso gente nova com fé íntegra, pronta a renunciar a uma indolente mediocricidade; gente moça que trabalhando ou estudando, esteja apta a alcançar a divina doutrina de Cristo.
Unamos, pois, as nossas preces fervorosas às de tantos que, por esse mundo além, também rezam confiadamente por um mundo melhor, unido no mesmo sentimento de solidariedade e amor a Deus. E talvez que então possamos dizer, com a alma a transbordar de alegria: Glória a Deus no Céu, Paz na terra aos Homens de boa vontade.
Henrique Nascimento Rodrigues
Publicado no jornal”A Huila” 1956
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
O Colono Poeta- de Geraldo Bessa Victor

na mente do colono as dispersas lembranças
de Algarve e São Tomé
na mesma imagem bonita.
Se requebrou, com carinho,
No meneio da rebita,
Quando o poeta viu na sua alma encantada
A paisagem minhota misturada
Com trechos de Luanda e arredores.”
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
A Obra Colonizadora do Português- 1

Saudoso abandonou os pais já velhos e a noiva prometida e, mochila às costas, botou-se mares adentro, rumo aos sertões ignorados das terras novas que à velha terra o Português ia mostrando.
Emagreceu-lhe o rosto lá nesses mundos de perdição; bronzeou-se-lhe a pele à torreira ardente do sol dos trópicos; calejaram-se-lhe os dedos ao romper o solo duro e estranho, mas não vacilou um só instante o seu aprumado engenho de trabalhador infatigável e de homem de têmpera rija.
Machadada a Machadada, derrubou o emaranhado agreste da selva inóspita; sacha que sacha, a fonte perlada de suor e os membros roídos por biliosas curtidas em cabanas de pau-a-pique, ele arcou sozinho com a canga pesada da desilusão e com o travo amargo da derrota.
Depois, na roda dos tempos o tempo rodou.
Obra Colonizadora do Português-2

Obra Colonizadora do Português-3

Estradas vieram correndo, como fitas brancas nas verduras do solo, até às regiões escusas do sertão lendário;
Represas e barragens se quedaram através da torrente caudalosa dos grandes rios, o comercio desenvolveu-se, a industria ganhou caminho, a terra inteira estremeceu ao contacto com o desenvolvimento e Angola…essa, ei-la crescida e gigantesca a confirmar, de forma inequívoca, que a cruzada da colonização vingou, numa demonstração eloquente da capacidade do colono português.
Obra Colonizadora do Português-4

1958 – Prémio literário da secção de ensaio
(Tem Continuação)
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Notas Políticas( 57)
É trabalhador ou empresário, cientista ou camponês, jovem ou pai de família, produtor ou consumidor
Criam-se, assim, espontânea e livremente, organizações ou associações que reúnem aqueles cujos interesses específicos conduzem a essa agregação.
Notas políticas (56)
Notas políticas (55)
Notas políticas (54)
A sociedade civil, por seu turno, também só tem vantagens em fazer-se escutar pelo Estado e em procurar influenciar licitamente as medidas públicas que concernem a interesses sectoriais.
O que exige ética nos princípios e arte nos compromissos.
É verdadeiramente decisivo que cada um e todos venham com espírito aberto ao diálogo e à percepção de que o bom caminho não deve desembocar nem no estatismo, nem no confronto atroz e permanente dos egoísmos sectoriais.
Notas políticas (53)
Assembleia da República, 28 de Maio de 1992
Excertos do discurso de tomada de posse como Presidente do Conselho Económico e Social
domingo, 12 de dezembro de 2010
Somos como escrevemos
Não consigo escrever mais….
A minha caneta é empurrada pelo amor mas já estou cansado de tanta dor. E a caneta não avança.
Somos como escrevemos muito mais do que somos o que escrevemos.
Eu sou assim. Como a minha escrita. Desorganizado no caminho mas intenso na direcção. Curto. Rápido, que a chegada está já ali e eu não consigo esperar.
Tu não és nada assim (no presente porque a escrita permanece). Eu brinco com as palavras pois o riso cura-me a alma. Ou esconde a dor.
Tu não és assim. Tu és detalhe e sereno na construção, exigente também com as palavras como com as pessoas, de uma ironia sublime porque a inteligência é o tempo na espera que vai do dizer à descoberta do sentido.
Agora a caneta começa a correr pois a tua memória já a alimenta. Mas este texto tem de ser assim. Aos soluços de vida, para trás e para a frente, sem direcção clara. Mas com sentido. Porque é o meu texto. As minhas palavras. Logo eu sei ser melhor nas linhas desenhadas do que nas linhas escritas.
Mas agora não quero desenhar. Não quero que fique no ar vago do entendimento dos meus traços surrealistas. Não me quero esquecer de ti e de ti comigo e por isso não desenho ( aparte aquelas linhas que estão no princípio de tudo o que sou)
Escrevo. Para mim. À minha maneira. Por ti. Em nós.
Nuno, 12 de Abril de 2010
Circulo
Ficar no meio é que é perder o sonho.
É deixá-lo apodrecer, no resumido
círculo, da angústia e do abandono.
É ir de mãos abertas, mas vazias,
de coração completo, mas chagado.
É ter o sol a arder dentro de nós,
cercado,
por grades infinitas…
Culpa de quem se fiz o que podia,
na hora dos descantes
e das lidas?
Ah! ninguém diga que foi minha!
Ah! ninguém diga…
Minha, a culpa,
de ter dentro do peito,
tantas vidas!...
Poema de Alda Lara
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Preludio
Mãe-Negra, desce com ela…
Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guisos,
nas tuas mão apertadas.
Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.
Mãe_negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro…
Tem voz de noite, descendo,
de mansinho, pela estrada…
Que é feito desses meninos
que gostava de embalar?...
Que é feito desses meninos
que ela ajudou a criar?...
que costumava contar?...
Mãe –Negra não sabe nada…
Mas ai de quem sabe tudo,
com eu sei tudo Mãe-Negra
Os teus meninos cresceram,
e esqueceram as histórias
que costumavas contar…
Muitos partiram para longe,
Quem sabe se hão-de voltar!...
Só tu ficaste esperando
mãos cruzadas no regaço
bem quieta bem calada.
É tua a voz deste vento,
desta saudade descendo,
de mansinho pela estrada…
Poemas de Alda Lara Lisboa 1951
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Flexibilidade e Relações Laborais
Claro que também se fala de flexibilidade laboral. À subida galopante do desemprego procurou-se reagir através de várias políticas. E a política do trabalho foi chamada a dar o seu contributo. Infelizmente, os factos encarregaram-se de evidenciar que a crise era mais persistente e os anos tornaram mais visível que se tinha iniciado e estava em curso uma mudança estrutural nas sociedades, cujo desfecho ignoramos.
A flexibilidade impor-se-ia, portanto, como uma exigência para a imperiosa eficiência do mercado de trabalho. A isto subjaz, claro, uma questão de fundo: a quem serve a flexibilidade laboral? Não negaria sob pena de dogmatismo, que ela é globalmente favorável às empresas e provavelmente à economia no seu todo.
Os adversários da flexibilidade encontram, porém, na persistência (quando não no próprio agravamento) dos níveis de emprego um argumento poderoso para a combaterem. E juntam-lhe o do alastramento de situações de precariedade e de degradação das condições de trabalho que, em casos crescentes estão à vista.
Creio que não poderá recusar-se a virtual evidência empírica de que os sucessivos “pacotes” de medidas legislativas, adoptados no domínio da legislação do trabalho e do emprego, não conduziram à regressão do desemprego como pretendiam.
Os ajustamentos estruturais que, sem dúvida, são necessários no tecido económico e as modificações organizacionais e tecno-produtivas que se impõem às empresas dependem muito mais de outros factores do que da flexibilidade do mercado de trabalho.
Neste sentido, sublinharia quão importante é para as empresas poderem desfrutar de um clima macro-económico saudável e consistente. Políticas orçamentais, financeiras e fiscais que não oscilem ao ritmo dos ciclos eleitorais, nem denunciem ziguezagues de cedências perante meros grupos de interesses e em desfavor do conjunto da comunidade, são seguramente muito mais importantes para estratégias empresariais de investimento, de inovação, de qualificação de recursos humanos e ou melhoria nos produtos e serviços que prestam, desejavelmente para mercados mais vastos, do que só a flexibilidade do mercado de trabalho.
Enfim, políticas educativas e formativas com mais qualidade e eficiência, políticas de desenvolvimento regional e de criação ou de ampliação de infra-estruturas básicas, de fomento de redes acessíveis de informação tecnológica são indispensáveis, mais do que um mercado de trabalho desagregado, para que se alcancem níveis de qualidade de vida que ninguém deseja ver regredir.
Extracto do texto da intervenção em Seminário do Conselho Económico e Social Lisboa 1997
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
A importância do diálogo nas relações laborais

Notas Políticas (52)
........
Não é curial, por exemplo, discutir-se a política salarial sem a enquadrar e relacionar com a política orçamental, … e fiscal, e sem a visionar no ecrã da comparabilidade com as situações dos nossos principais parceiros económicos europeus sob pena de se ignorar um potencial efeito de perda de competitividade e de mercados (reflexos negativos no nível de emprego).
Do mesmo modo, ao pretender-se combater melhor o desemprego, objectivo em si consensual, não será necessário, por exemplo, agilizar o mercado de emprego, melhorar a qualidade de ensino e da formação profissional, explorar novas fileiras de iniciativas de desenvolvimento local, diminuir os custos indirectos do trabalho sem, todavia, desencadear o ciclo vicioso de quebra de receitas e da consequente menor oferta de prestações sociais, elas próprias crescentemente mais necessárias perante a amplitude das exclusões sociais?
As medidas pontuais, as soluções parcelares, as decisões inarticuladas, não são, já, o caminho mais acertado
Excertos de um artigo publicado no jornal “Expresso” em 18 de Junho 1994
domingo, 5 de dezembro de 2010
Notas políticas (51)
Só um tecido social coeso suporta a conflitualidade aberta e a cooperação solidária.
Só ele estrutura Estados, Países e Nações com identidade própria.
Sem as liberdades democráticas a soberania do povo não pode exercer-se.
Chegou a hora de fazer vingar a lógica da entreajuda e da cooperação, na base do entendimento recíproco de que a paz entre todos só é alcançável por um progresso económico são e pela justiça social, num persistente combate à pobreza onde quer que ela exista.
Genebra 1992
sábado, 4 de dezembro de 2010
SAUDADE

Inevitável
Nasce dentro de nós como uma flor
mas depois cresce e lentamente
e parece tão somente uma ligeira dor.
em tudo que queremos e fazemos
e em tudo que tocamos e pensamos
mesmo quando parece estar ausente.
e nos poentes em que anoitecemos
Está na paisagem urbana que vivemos
a qual insensivelmente comparamos .
na música que às vezes recordamos
cresce dentro de nós que envelhecemos
e punge nesta dor que suportamos.
com lembranças de outrora já esquecidas
e está presente nas coisas mais queridas
como uma coisa triste inerte e fria.
que no fim dos tempos a vencemos
e vem de novo e logo estende os ramos
e bem depressa enfim nos convencemos
que já sabemos que afinal nos enganamos…
Inexorável
In “Obra Poética de Neves e Sousa” 1977
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
1º de Dezembro

Como gostariamos que o nosso neto mais velho com 15 anos, tivesse, em português e História, uma preparação que lhe permitisse escrever um texto semelhante.
Não basta haver alunos empenhados. É fundamental que haja também professores motivados criativos e mobilizadores.
As novas gerações exigem um ensino de qualidade, como tínhamos há 50 anos. Permitiu-nos, ou entrar rapidamente no mercado de trabalho, ou entrar no ensino superior com capacidade de o terminar com qualificações importantes.
A fotografia foi feita no nosso Liceu em Setembro de 2006 -50 anos depois
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Senhor Governador do Distrito Exmª REV; SNR. Bispo da Diocese Exmas AutoridadesSenhor Governador do Distrito
As grandes obras são, na generalidade, o produto de abnegação e sacrifícios de milhões de homens :
A Restauração é o resultado eloquente de milhentas privações de um bendito punhado de portugueses de grei! Marcado com o timbre de eras passadas, o ano de 1640 constitui uma das páginas mais emocionadas e altivas de uma Raça indómita, um dos mais brilhantes capítulos da vida mundial que, por si só, define peremptoriamente a índole de uma Nação sem par na Humanidade.
Remontemos a essa conturbada época, autêntico sudário de desabono, em que o país, asfixiado pela usurpação alheia, se revolvia em estertores de moribundo.
Pelas cinco partidas do globo, em que à custa de suor e sangue, se mantivera imaculado o pendão secular, o poderio português decompõem-se velozmente, tragado por adversários implacáveis – denominadamente holandeses e ingleses – que, mau grado, desbarataram a nossa soberania, reduzindo-nos a pouco menos que mártires.
Por toda a parte do território pátrio se verifica a mesma visão de desamparo e indiferença, como se, deliberadamente, se votasse o reino à incerteza desoladora do Destino. Campos armados, herdades em ruína, a agricultura em abandono assustador – tal é o descalabro pungente que nos é dado verificar com desconsolo.
Encargo mais vexatório era o do contínuo levantamento de contingentes portugueses, que, em paragens distantes, iam verter o seu generoso sangue por uma causa que não era a sua; exigências das mais pesadas eram os impostos fiscais que o reino pagava, obrigatoriamente, ao soberano espanhol, envolvido em uma guerra de desperdício. A miséria das finanças atingira o rubro.
Semelhante situação, tão deprimente para um povo que tinha atrás de si uma das mais fulgurantes tradições, fez desabrochar um sentimento legítimo de revolta, de rebeldia indissolúvel e de dever indeclinável, que irá desmoronar o fictício pedestal, em que repousa o vergonhoso cativeiro de 60 anos. Muito embora agonizante Portugal vai erguer o seu clamor de indignação perante essa série de crimes de Lesa – Pátria, levando de vencida, a descendência menos digna do usurpador tirano.
Minhas Senhoras;
Meus Senhores:
As legítimas esperanças, que animam cada vez mais os patriotas, avolumam-se de dia para dia, transformando-se em torrente caudalosa, vibrante de impaciências separatistas. Aproveitando-se inteligentemente da ampla perspectiva mundial, avassalada pela guerra dos 30 anos, os portugueses empenham-se em que a obra gigantesca da ressurreição nacional passe do campo das aspirações para o das realidades. Tem aqui papel meritório a sagaz perspicácia do cardeal Richelieu, empenhado em fomentar uma acção anti-castelhana. E é assim que, em 1628, se dá aquele 1º assomo de rebelião denominado de “Motim das Maçarocas”, em que regateiras e marujos se solidarizaram no mesmo estado de espírito geral; depois é Évora, o Alentejo e o Algarve, o país em peso, na revolta do Manuelinho, clamando contra uma ditadura de sofrimentos e humilhações: É a alma nacional que ergue imperiosamente, para restituir à Pátria o ceptro arrebatado em Ourique e Aljubarrota.
Agravada a situação na Catalunha, fomentadas as adesões contra a prepotência castelhana resolvem os revolucionários arriscarem-se na empresa, que não admitia mais hesitações. Entre quatro paredes mudas, a conspiração toma vulto sem notas divergentes, calorosamente aplaudida por João Pinto Ribeiro, a alma generosa dos patriotas. Com eloquência e fervor, se convida o Duque de Bragança, aparentemente apático a chefiar o movimento; e não obstante a indiferença enganadora a que se votara foi ele, por direito e unânime escolha, o verdadeiro chefe dos portugueses. Não fora o seu espírito cauteloso e feitio prudente, talvez se se tivessem malogrado os intentos dos conspiradores. Felizmente, à providência prouve que o rumo traçado fosse coroado do mais esplendoroso êxito. Aliás, já era impossível hesitar, vacilar ou retroceder: o caminho estava apontado inexoravelmente. E os revolucionários vão para a frente, confiantes em Deus e na imortalidade da Pátria - Mãe. Estava feita a revolução!
Meus Senhores:
Dizer o que se passou nessa manhã pura e alegre do 1º de Dezembro, é-me impossível porque a tanto não me permite o engenho. Aliás obra tão gigantesca como essa, é impossível de descrever em frases de estilo rendado.
De tudo, porém, uma certeza consoladora nos resta: nessa imorredoira manhã, Portugal ressuscita do seu letargo hibernal em “aleluia” ardente e festivo. Destemida e temerária “a ínclita geração de altos infantes” erguerá o pendão da liberdade, para caminhar afoitamente no caminho da honra.
E a roda dos tempos estaca hoje, para prestarmos a devida homenagem a esses egrégios avós, votados pela História à lei da Imortalidade; curvemo-nos pois, respeitosamente, em reverencia agradecida aos bravos de 1640, que, em condições precárias, não se acobardaram perante a chusma intrusa, e com temeridade, ousaram terçar lanças pela LUSA - PATRIA
(Discurso proferido na sala do Teatro “Odeon” de Sá da Bandeira com a presença das mais altas individualidades do Distrito, no dia 30 de Novembro de 1956)
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Notas Políticas (50)
Eis-nos defrontados com o nó górdio de produzir uma mudança cultural.
Lisboa 1995
Notas Políticas (49)
A Democracia representativa não pode dispensar a participação empenhada dos cidadãos.
Mas quando o sistema de representação partidária abre brechas, a confiança dos cidadãos nos dirigentes políticos por eles escolhidos é abalada, quando despontam preocupantes fissuras no tecido social – não há”clima” propício a práticas de consulta, participação e diálogo social.
Lisboa 1995
domingo, 28 de novembro de 2010
Revisitar o passado - compreender o futuro.

Entre 1976 e 1985, Portugal viveu a experiência, de um total de nove Governos, com uma duração média de doze meses. (Das eleições de 83 emergiu um governo de coligação PS/PSD, dito “Governo do Bloco Central”).
Portugal viu-se obrigado, então, a negociar com o FMI um programa de estabilização, cujos resultados se revelaram positivos para o estabelecimento do equilíbrio externo, que tinha atingido níveis insustentáveis.
Sob este pano de fundo de permanente instabilidade política, de inflação crescente e fortemente corrosiva do poder de compra dos salários, aumento alarmante do desemprego, não estavam criadas as condições mínimas para se suscitar o diálogo social.
Em 1984 é criado o Conselho Permanente da Concertação Social – órgão destinado a promover o diálogo e a concertação social tripartida
Os parcos resultados obtidos nesses primórdios de vida do Conselho estão muito longe de ilustrar o “clima” de nascimento de uma compreensão mútua entre o poder político e alguns parceiros sociais, que se conseguiu fazer irromper após anos e anos de instabilidade, falta de confiança generalizada, de ausência de empenho concertado para enfrentar as dificuldades e encontrar pistas de solução colectiva.
O Governo de coligação foi dissolvido em 1985 e na sequência das eleições parlamentares desse ano formou-se um Governo minoritário do PSD.
Em Portugal os acordos de concertação social nunca foram verdadeiramente formalizados em situações de grave crise económico – social, e não revestem portanto, o sentido de “pactos de salvação nacional”.
Será possível, então esboçar um juízo global sobre o valor da experiência concertativa portuguesa?
A minha apreciação está muito próxima da de Cavaco Silva. Sem sacralizar a concertação social, entendo que ela é antes do mais, um método ímpar de aprofundamento democrático, pela participação dos parceiros na esfera estatal da política económico-social e pela ilustração do dever de diálogo a que os governos não se devem furtar. Isto, todavia, no pressuposto inafastável de lealdade e boa fé por parte de todos os intervenientes na negociação tripartida.
( Extractos do texto de uma conferência proferida no Conselho Económico e Social de Espanha Abril 1996)
sábado, 27 de novembro de 2010
Cuidei

e afinal também morri.
Olhei perplexo no espelho
olhei para mim e não me vi.
Morri por dentro um pouquinho
todo o tempo que vivi…
Deixei que a raiva acalmasse
deixei que a dor esquecesse
já olvidei o que perdi…
Morrer sim, mas devagar,
é uma velha tradição.
Deixei o fogo apagar
deixei a terra esquecer
é a pátria a entardecer
é o morrer devagar.
Cuidei que tinha escapado
e afinal também morri.
In "Obra Poética de Neves e Sousa" 1979
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Notas Políticas (48)
Porque os bloqueios sociais pagam-se caro.
O acordo ao mais alto nível, até pela mediatização de que é objecto, também sensibiliza e predispõe a opinião pública para um clima de distensão social e de maior confiança, mesmo se uma parte não subscrever os acordos.
Lisboa 1994
Notas políticas(47)
O antagonismo que alguns, hoje, invocam entre o direito do trabalho e o direito ao trabalho não se resolve senão pela harmonização entre ambos.
Aqui, estará porventura, a tarefa mais árdua e o objectivo mais nobre da concertação social:ajudar a garantir a aspiração imemorial da dignidade humana, através do direito e do dever do trabalho.
Lisboa 1994
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Compreender a greve geral
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Modernização da Economia

Lisboa 1994
domingo, 21 de novembro de 2010
Cabo Verde 1963 Parte 1
Na década de 60, o nosso Ouvidor do Kimbo apaixona-se pelas filmagens utilizando películas de 8mm.
Com a câmara regista as mais belas recordações da sua África.
Mandou – os digitalizar para poder utilizar os filmes no blogue, e contar as suas memórias.
Temos pronto um filme por ele realizado no arquipélago de Cabo Verde durante as férias.
Decorria o ano de 1963.
Por razões técnicas será editado em quatro partes.
É mais uma estória uma recordação do Ouvidor do Kimbo
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
NOTAS POLÍTICAS (46)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010
NOTAS POLÍTICAS (45)
Neste velho continente, despontam manifestações de xenofobismo, reacções de intolerância, impulsos de egoísmos concentracionistas, como a prenunciar mais convulsões.
Não são, estes, sinais iniludíveis de fundos e sérios desequilíbrios em muitas das nossas sociedades? Não sou pessimista, pelo contrário. Ser livre está impresso na alma dos homens.
Genebra 3 de Junho de 1992
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Aviso do PSD

Quando está em causa a conquista de uma estabilidade democrática, impõe-se, mais do que nunca, não recear as acções de intimidação, e justifica-se, não permitir que o silêncio, ou as meias palavras envergonhadas, sejam interpretadas como cedência ao plano de inversão da democracia porque lutamos.
Lisboa Fevereiro de 1982
sábado, 13 de novembro de 2010
QUISSANGE-SAUDADE NEGRA
o que me encanta…
se é o luar que canta
ou a floresta aos ais…
Não sei, não sei, aqui neste sertão
de música dolorosa
qual é a voz que chora
e chega ao coração…
Qual o som que aflora
dos lábios da noite misteriosa!
Sei apenas, e isso é que importa,
que a tua voz, dolente e quase morta,
já mal a escuto, por andar ausente,
já mal escuto a tua voz dolente…
Dolente, a tua voz “luena”,
lá do distante Moxico,
que disponho e crucifico
nesta amargura morena…
Que é o destino selvagem
duma canção que tange,
por entre a floresta virgem
o meu saudoso “Quissange”.
Quissange, fatalidade
deste meu triste destino…
Quissange, negra saudade
do teu olhar diamantino.
Quissange, lira gentia,
cantando o sol e o luar,
e chorando a nostalgia
do sertão, por sobre o mar.
Indo mares fora, mares bravos,
em noite primaveril
acompanhando os escravos
que morreram no Brasil.
Não sei, não sei,
neste verão infinito,
a razão de tanto grito.
-Se és tu, oh morte, morre!
Mas deixa a vida que tange
exaltando as amarguras
e as mais tristes desventuras,
do meu amado Quissange!
(Poema de Thomaz Vieira da Cruz, in “Quissange Saudade Negra”)
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Permanece em mim
Não consigo deixar de gritar.
A dor é tanta que parece que nos sufoca, nos engole.
Já são tantos segundos depois do segundo antes que não sei quantos mais segundos vou aguentar.
“Permanece em mim. Permanece em mim. Permanece em mim.”
A música ecoa pelas paredes frias da Igreja e o meu grito de dor ecoa pelo meu ser sem fim à vista.
NÃO!
Permanece em mim.
Não quero esquecer o teu sorriso, a tua cara, as tuas barbas, o teu olhar infinito.
Toco o teu rosto frio e o meu coração gelado aquece.
Será que valeu a pena pai? Ter permanecido? Ter aguentado tudo?
Ninguém percebeu. Não passar a linha, nem à custa da própria vida.
Pelo país, pela causa pública, pelas suas convicções, pela democracia…
Mas que liberdade é esta onde não existe inteligência.
Mas que liberdade é esta onde não existe sentimento de algo maior.
Não!
Ninguém percebeu que mais uma vez não estava a falar de si. Estava a falar de todos nós.
Por algo mais importante que os partidos.
Por algo mais importante que o pai, que os filhos, que os netos, que a própria vida.
Estava a falar pelo futuro de todos. Pelas regras. Pelas linhas. As que definem o campo de jogo.
Não! Ninguém percebeu.
Mas o pai sabia.
E na sua tranquilidade habitual lutou com os actos e as palavras mesmo que soubesse que ninguém ia perceber.
Mas nós percebemos.
Sofremos ao seu lado sem nada dizer. Eu do outro lado da fronteira mas junto de si pelo ar entre nós.
Mas nós percebemos.
E o pai sabia que era assim. Que nos estava a falar com palavras não ditas. Com actos de um amor maior.
Aqueles que nós percebemos.
Aqueles que por isso permanecem em nossos corações.
E esses estão acima de tudo. Esses permanecem em mim.
Para lá das frias paredes da Igreja.
No calor do meu coração
Permanece em mim.
A 12 de Abril de 2010,
Há 7 meses,
O Nuno escreveu.
Permanece em nós.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Que Resposta Social – Democrata?
Estes são princípios e valores de que não devemos abdicar nunca na linha da social-democracia portuguesa.
Uma social democracia que, por outro lado, sabe também quanto ilusório e nefasto é pretender dar satisfação populista a anseios dos cidadãos, através do aumento desmesurado dos déficits públicos, da sangria da poupança nacional, da manutenção de privilégios corporativistas – porque essa via, tão típica do socialismo, mesmo «aggiornato», a nada conduz senão ao sacrifício da geração futura, quando não, desde logo, ao sacrifício da nossa própria geração.
Lisboa, 5 de Maio de 1994
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Tempos de Crise

segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Há 36 anos - Esperança


Há 36 anos, 6 semanas depois da revolução de de Abril, o Henrique recebe este cartão da Engenheira Maria de Iourdes Pintassilgo.
Por ele prepassa a entrega genuina, e talvez demasiadamente pura, com que muitos se dedicaram à tarefa de modificar esta nossa Pátria, no sentido mais nobre do termo.
O que falhou nesta nossa longa caminhada? O que deixamos pelo caminho?
sábado, 6 de novembro de 2010
O VALOR DO TRABALHO
A dinamização da economia é um imperativo para o aumento dos postos de trabalho e para a manutenção dos validamente existentes.
Sem investimento, (e este exige um clima de confiança política, de estabilidade governativa e de normalidade social), não será possível o aumento dos postos de trabalho e a consolidação dos já existentes.
Mas os postos de trabalho devem ser produtivos, devem constituir um factor de desenvolvimento económico e não um bloqueamento.
É uma ilusão, que se vira contra os próprios trabalhadores, pretender a segurança à custa de soluções artificiais, que nada mais representam do que a agonia conducente ao desemprego.
A produtividade, indispensável ao aumento do investimento, depende de todos os factores de produção e não apenas dos trabalhadores.
Nós somos – nós temos de ser – solidários com todos aqueles que em vão procuram um trabalho digno, e com todos aqueles que preocupadamente sentem hoje a fragilidade dos seus postos de trabalho.
Tem de haver um «amanhã» melhor para esses homens, mulheres, esses jovens.
Porque eles são um potencial humano capaz de impulsionar o País, na força desesperada dos que por não terem trabalho, sentem incisivamente o valor desse mesmo trabalho.
E também, e sobretudo, porque nunca haverá justiça onde grassar o desemprego."
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
NOTAS POLÍTICAS (44)
Novembro de 1990
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
NOTAS POLÍTICAS (43)
persistem privilégios seja de quem for?
Há que actuar em coerência com as ideias que se defendem.
As reivindicações sócio – laborais não podem perder de vista o condicionalismo económico.
Simultaneamente, o desenvolvimento e modernização da economia devem ter em vista a
satisfação das necessidades humanas e a redução das desigualdades sociais.
15 de Janeiro 1981
NOTAS POLÍTICAS (42)
In «Expresso» 04-05-1991
NOVEMBRO

terça-feira, 2 de novembro de 2010
A ACTUALIDADE DO SINDICALISMO

São ainda, agentes de democratização e Justiça?
Como sempre, eles são instrumento de Justiça social.
Não o conseguirão ser, porém, se não forem firmes nos seus princípios e nos seus valores.
A primeira questão é esta: não abdicar de princípios, não trocar valores por euros.
Um sindicato não é um mero negociante no mercado de trabalho – é um agente de defesa da dignidade do trabalhador como pessoa e um instrumento de coesão social e nacional.
Neste papel, o sindicato não pode ser acomodatício, tem de lutar.
Mas a luta laboral há-de ser justa.
Hoje, a mudança societária é de tal ordem que se verifica, frequentemente, que a greve não causa qualquer prejuízo à entidade patronal, mas, sim, aos cidadãos (greves nos transportes públicos, nos sectores públicos da saúde, da educação, das contribuições, etc.).
Isto coloca a questão dos princípios e dos valores.
Os sindicatos de hoje não podem viver dentro de uma campânula.
Pertencem à sociedade democrática.
Tal como os partidos e outras instituições nucleares da democracia, têm de ganhar o respeito dos cidadãos em geral e não apenas os votos dos seus associados.
Cabe-lhes captar militantes, conquistar simpatizantes, alargar a esfera da sua acção muito para além das negociações colectivas salariais.
Juntar-se a organizações de defesa dos direitos humanos, apoiar os emigrantes, cuidar dos jovens que entram no mundo do trabalho, não esquecer os reformados, promover a igualdade de direitos – na defesa do bem comum.
E renovar os seus quadros, formar novos dirigentes, reflectir e debater autonomamente as questões do nosso mundo e do nosso País, sem preconceitos e chavões, num espírito de humanismo e solidariedade
E não podem deixar-se capturar pelo universo partidário.
Esse é o sindicalismo que precisa de ser hoje para permanecer amanhã.
H. Nascimento Rodrigues
Publicado in «Jornal de Notícias» 21 de Novembro 2002
Pode ver o texto completo no site « Forum Abel Varzim Desenvolvimento e Solidariedade»
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
À vontade e à coragem de decisão que muitos lhe reconhecem;
À competência e à experiência profissional que outros tantos não lhe negam;
Eu posso afirmar, pelo contacto que com ele mantive, que a sua personalidade não é de um autoritário, ou de um insensível.
Excertos de uma intervenção feita em Évora a 20 de Dezembro de 1995